Zygmunt Bauman é um sociólogo polonês (nascido em 1925) famoso pela sua série de teorias e livros da vida líquida: a efemeridade dos relacionamentos e das modas no mundo moderno sempre estiveram no radar do autor.
Tenho um carinho enorme pelo trabalho dele, pois seus livros sempre caíram como uma luva pra mim em momentos delicados de transição. Falei de Amor Líquido aqui no blog anos atrás, e fico contente de ver as discussões que acontecem em torno do tema.
Em Vigilância Líquida (adicione ao Skoob), Bauman se junta a David Lyon para juntar dois temas que tem tudo a ver: a liquidez, expressa por Bauman em várias esferas, e o aspecto da sociedade em vigilância, de Lyon. Por liquidez, entendemos a efemeridade das coisas de hoje em dia. Nada é feito para durar, para ser “sólido”. Surgem daí diversas questões como a obsessão pelo corpo perfeito, o endividamento geral para “suprir” nossas carências, a paranóia com segurança e por aí vai, tudo isso em um mundo de incertezas.
Ao falar de vigilância, toda forma de literatura distópica vem a mente, a mais clara delas é provavelmente 1984, de George Orwell. Mas nem é sobre o Grande Irmão que Bauman fala: a vigilância está em toda parte, desde aquele post engraçadinho que você compartilha no Facebook durante o horário de trabalho (com seu chefe na lista de amigos) até o raio-x no aeroporto (que todo mundo sempre tem medo que apite ou dê algum problema – é a sensação que fica em torno disso que nos incomoda). Nos dias de hoje, impera a sensação de vigilância: seja em websites, bancos, redes sociais ou mesmo com a polícia nas ruas.
Por vezes, o vocabulário acadêmico de ambos pode ser um empecilho ao leitor ao encarar essa obra, mas a dica é: se você gosta do assunto, vá com calma. Vigilância Líquida tem menos de 200 páginas, mas assim como a maioria dos livros de não-ficção, parece ter muito mais. É um retrato da nossa sociedade atual, em uma conversa entre dois estudiosos.
O Bauman é um senhorzinho muito interessante. Em 1963 ele foi afastado da Universidade de Varsóvia por causa das ideias que apresentava (elas foram consideradas subversivas no comunismo). Hoje, com quase 90 anos (e tomara que mais alguns ainda pela frente), ele mora na Inglaterra e dá aulas na London School of Economics, ministra palestras por todo canto e, claro, escreveu uma porrada de livros (cerca de trinta deles são publicados no Brasil pela Zahar).
Espero que tenham curtido a reflexão que os autores propõem nessa obra. É sempre bom a gente parar de vez em quando pra ver em que sociedade estamos vivendo, e quais sensações estamos tendo. E cuidado, o Grande Irmão está de olho em você.
Vigilância Líquida foi cedido pela Editora Zahar ao Pipoca Musical por conta da parceria. Acompanhe as novidades da editora nos canais: Site | Facebook | Twitter
Ficha Técnica
Título: Vigilância Líquida
Autor: Zygmunt Bauman, David Lyon
Ano: 2014
Gênero: Ciências Sociais
Editora: Zahar
Compre: Site da Zahar | Livraria da Folha
Skoob: adicione à estante
Excelente post Raquel. O livro realmente apresenta uma análise bem lúcida e crítica do excesso de vigilância em que estamos inseridos. Desde que terminei a leitura tenho me questionado constantemente sobre tudo que ele escreveu.
Um livro incrível e com uma linguagem bem acessível.
Bjs ;)
Oi Isa,
Pois é, Bauman e Lyon arrasaram, mas tenho meu favoritismo pelo velhinho. O capítulo que mais gostei foi, de longe, o dos Drones e da Mídia Social. Engraçado como as coisas são, né? A gente que se permitiu isso, e muitas das sensações nós mesmos criamos.
Beijo, querida! Obrigada pela visita :*
Bauman, meu grande amigo de faculdade ahahaha x)
Nesse semestre tenho ouvido falar muuuuito desse senhorzinho nas aulas de Jornalismo Comunitário. Até caiu uma questão em que deveríamos assinalar o nome dele numa pergunta sobre o “líquido”. Enfim, o cara é f#$@
Esse lance de vigilância me chama atenção: hoje nós somos rodeados de câmeras, sejam as de segurança que estão ali 24 horas, ou então, os celulares que hoje filmam melhor que muitos outros aparelhos. É incrível a facilidade de que um vídeo seu, meu, ou de qualquer um possa cair na internet. Sem falar desses “receios” como o raio-x no aeroporto ~morro de vergonha se aquilo apitar~ essa vigilância da nossa vida está mais presente do que nunca! (gente refleti hahaha)
Quero muito ler Bauman, pelo menos nesse semestre pra agregar com conteúdo das aulas :P
Adoreeeeeei Queeel!
Beijos, Di <3
Oi, Di!
É bem isso aí, a gente vive essa sensação, muitas vezes criada por nós mesmos. Esse livro é espetacular pra quem estuda Comunicação, viu? Tem muita coisa do nosso dia a dia ali. Aliás, tbm não gostaria que o detector de metais apitasse, nem que que um pastor alemão cheirasse minha mala compulsivamente, ahuehauhe. Que fase, né?
PS: nas minhas aulas não lembro de citarem o Bauman, mas fico feliz que tenha nas suas. Esse cara aí é gênio, Amor Líquido mudou minha vida.
Beijo pra tu :****
<3
Nossa pipoquinha, você sabe mesmo convencer com uma resenha, nem vou escrever muito pq to indo ali procurar o livro para ler, tchau.
Sério, eu fiquei realmente com vontade :x
Hahehauheuaheae, sua linda! Espero que aproveite <3
Muito bacana. Gosto demais das opiniões do Bauman e da forma como consegue enxergar fenômenos como facebook, twitter, celulares, etc, que parecem nos engolir, sem muito tempo pra pensar.
Oi Rodrigo,
Também sou fã das teorias dele e de como ele as apresenta. O fenômeno da liquidez é algo notável, e tão real que assusta. Sobre o fenômeno das redes sociais e tecnologia, o mais engraçado é como a gente mesmo se afundou nisso. E criou a dependência. Weird, hahn?
Abraço!
Me interessei mesmo. Vou marcar as obras do autor no Skoob pra tentar ler mais tarde.
Gosto bastante de ler sobre questões sociológicas e filosóficas. Mas realmente é preciso consumir elas com consciência, e certa moderação.
Porque acho importante cada um formar uma opinião própria e bem embasada do que se é visto na nossa sociedade, não somente copiar e acreditar em tudo que estudiosos mais cultos dizem. É preciso se ter uma auto-reflexão sobre o tema.
Oi Nicolas,
Essa reflexão sociológica é muito válida e recomendada. E não é tão difícil pra gente consumir as informações, basta se dedicar e realmente tentar aplicar aquilo na sua vida. O Bauman é feliz nessa didática: não tem como você não espiar o mundo ao seu redor sendo retratado nas palavras dele. Gosto bastante do velhote, espero que ainda produza muitas obras!
Obrigada pela visita, ótimo te ver aqui também ;)