Os verdadeiros contos de fadas nas versões originais

Curtir e compartilhar esse post:
facebook:
twitter:
google plus:
pinterest: pinterest

contos de fadas, livros zahar, gato

Era uma vez os contos de fadas. Tão bonitos, tão singelos, tão delicados e cheios de moralismo. Meu primeiro contato com os contos de fadas foi provavelmente com os livros de poucas palavras e muitos desenhos que narravam a história dos Três Porquinhos, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, entre outros. Depois de algum tempo, descobri que estes eram parcos resumos de histórias tenebrosas escritas há muitos anos atrás, e que moralismo era uma das últimas coisas que os escritores queriam passar.

[SAIBA+: Ouça o RenegadosCast #61 – Era Uma Vez…]

Cá estamos nós, algum tempo depois, falando sobre os verdadeiros contos de fadas. Em seu texto original, os contos traziam bons traços de adultério, homicídio, incesto, canibalismo e todo o resto. Bonito? Não, mas o que inspirava as histórias, segundo uma especialista inglesa, eram a fome e mortalidade infantil, um contexto social para os escritores da época.

contos-de-fadas-ice-cat
A Ice não gostou do livro.

Eu estava em dúvida entre alguns livros nacionais e internacionais que traziam os contos sem adaptações. O que me desanimou foi que a maioria falava dos contos de apenas um escritor, e eu queria mais. Então encontrei a edição de bolso de Contos de Fadas da Editora Zahar. Eles sempre se destacam pela qualidade das suas publicações e pelo acabamento impecável das edições que produzem e aqui não foi diferente.

[LEIA+: Leia a nossa resenha sobre o filme Irmãos Grimm, com Matt Damon e Heath Ledger.]

O livro reúne 20 histórias infantis (comé que é?) de Charles Perrault, Jacob e Wilhelm Grimm, Hans Christian Andersen e outros, em suas versões originais, sem adaptações e sem censura.

Olha, alguns contos são bem normais, e apesar da moral meio distorcida, não tem nada demais. É o caso de O Gato de Botas, um gato que vira a herança de um rapaz e começa a ajudar o dono a subir na vida, e a conquistar a confiança e a filha do rei.

livro-interior-zahar-contos-fadas-moral

Mas não tem como não se horrorizar com algumas histórias. Pouco sangue é poupado, como no caso de Barba Azul ou o conto original do Pequeno Polegar. Basicamente, o Pequeno Polegar e seus seis irmãos são abandonados pelos pais em uma floresta e acabam na casa de um ogro que come criancinhas para passar a noite enquanto tentam se nortear no matagal. Inquieto, o Pequeno Polegar rouba as coroas das sete filhas do ogro e coloca na própria cabeça e na dos seus irmãos, numa tentativa de enganar o ogro de madrugada.

“Ah! Aqui estão eles, os marotos. Não vamos pensar duas vezes.” Dizendo estas palavras, cortou sem vacilar o pescoço das sete filhas. Muito satisfeito, voltou a se deitar ao lado da mulher.

E não é que funciona? O ogro vai lá e degola as próprias filhas, pois viu que estavam sem a coroa e – é óbvio! – só poderiam ser os moleques. Eu fiquei chocada o.O

Eu poderia falar sobre cada um dos contos, mas é melhor fazer um Top 10 de Contos de Fadas Assustadores pra isso. O que quero evidenciar aqui é que esse livro é item obrigatório na estante de quem admira clássicos.

Detalhes da edição de bolso de luxo dos Contos de Fadas

Páginas amareladas e bom espaçamento da margem são dois aspectos legais da edição que adquiri (além do preço super amigável). A única coisa que não me agradou muito foi as ilustrações pequenas alinhadas à esquerda ou direita.

livro-contos-de-fadas-perrault-zahar

O livro já é pequeno, então para valorizar as obras, poderiam ter seguido o estilo do livro do Peter Pan e colocado as ilustrações em uma página inteira, com a legenda abaixo. É um pequeno detalhe, no entanto.

É isso, pessoal. Espero que tenham curtido. Já leram alguns dos contos originais? O que acharam?

Ficha Técnica

Título: Contos de Fadas
Autor: Charles Perrault, Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, Jacob e Wilhelm Grimm, Hans Christian Andersen, Joseph Jacobs
Editora: Zahar
Gênero: Contos

Post escrito por: Raquel Moritz.

Deixe seu comentário

Comentários

Comentários do Facebook

10 comentários via blog

  1. Apesar de já conhecer algumas versões originais dos contos de fadas ainda não tenho preparo psicológico para ler um livro com todas elas na íntegra hahaha

    Amo essas edições da Zahar, tenho uma edição de Alice da editora que a capa é desse mesmo jeitinho. Eles são muito caprichosos em relação a estética dos livros *-*

    1. Hehehehe, é verdade. Algumas são de arrepiar. Acho que a que mais me chocou foi a do Pequeno Polegar, mesmo. Fiquei boquiaberta! Sou apaixonada pelas edições da Zahar, eles fazem um ótimo trabalho mesmo, né? Vi uma edição do Rei Arthur que saiu mês passado que é um xuxuzinho.

      Beijo, flor. Obrigada pela visita!

  2. Gabriel Canoas comentou em

    Raquel, sabe me dizer se esses contos são todos originais? Porque alguns como Chapeuzinho Vermelho e Cinderela são realmente muito fortes e o site da editora diz “sempre finais felizes” o que alguns não tem.

    Tem outra edição dessas, desse mesmo jeitinho, mas com 26 histórias ao invés de 20, você viu?

    Ótima postagem, parabéns!

    1. Oi Gabriel,

      Pois é, pelo que entendi aqui, nem todos os contos são os originais-originais-originais, mas ainda assim eles não tem finais felizes não. O do Pequeno Polegar é um ótimo exemplo.

      Não vi esta outra edição, mas deve ser a edição normal (e não a de bolso, como a minha). Vou atrás disso :)

      Abraços!

  3. Quero muito esse livro!!
    Zahar faz parceria comigo! \o/
    HAHAHAHA :P
    Adorei a resenha, mais curiosa ainda por saber que se trata das histórias originais!
    Beijos Raquel! <3

    1. São meio cabreiras, hahahaha, mas vale a pena conhecer. Essa edição de bolso é muito prática, eu li na viagem para São Bento do Sul (onde essa gata ali estava), levei num bolsa pequena, hahha. :D

      Bjs! <3

  4. Eu não gosto muito de contos de fadas. Não cheguei a ler os originais, então não posso dizer que são ruins, nem nada assim. Mas eu nunca me conectei com nenhuma das histórias.

    Lembro que um dos primeiros livros que conheci, era um baita livro gigante, à lá idade média mesmo, que tinha vários dos contos, nas versões mais fofinhas, com muitas ilustrações super bem acabadas. Mas as histórias não me gerava curiosidade.

    Ao meu ver, os contos de fadas são histórias que ficam datadas para seu certo contexto histórico em que é criado. É muito suspeito julgar essas obras, cheias de violência e valores distorcidos, sendo que elas surgiram em um tempo em que toda realidade era muito diferente. A mesma coisa ocorre, por exemplo, nas histórias do Monteiro Lobato, em que o racismo era muito claro, mas coerente para a época em que o autor publicou suas obras.

    Não que dizer que esses valores devem ser relevados hoje, não. Mas devem ser compreendidos, fora do senso de certo e errado de hoje em dia.

    É por isso que acho que deveriam existir mais contos de fadas atuais, que dialogassem com adultos e crianças de hoje.

    1. Com certeza! :) É mais ou menos o que falei no texto sobre A Noite dos Mortos-Vivos, quando de seu lançamento, que as pessoas tinham um medo genuíno dos zumbis. Hoje a gente ri deles, mas eles estavam acostumados com monstros em locais distantes (como vampiros), então a possibilidade de seu parente acordar depois que morre era assustadora. Tudo é contexto. :)