August Pullman é um rapazinho de 10 anos que mora com os pais, a irmã e sua cadelinha. Ele nunca frequentou uma escola por conta das diversas cirurgias que ele já faz desde que nasceu. August, ou Auggie, tem uma deformidade facial causada por uma síndrome genética somada a deus-sabe-o-que que a ciência não consegue nomear (você pode ler mais sobre a condição aqui).
Os olhos dele ficam cerca de dois centímetros abaixo de onde deveriam, quase no meio das bochechas. São caídos, formando um ângulo acentuado, quase como se alguém tivesse aberto duas fendas diagonais em seu rosto, e o esquerdo é claramente mais baixo que o direito. E são esbugalhados, porque as cavidades oculares são pequenas demais para comportá-los. As pálpebras superiores ficam sempre meio fechadas, como se ele estivesse adormecendo. As inferiores são tão caídas que até parece que um fio invisível as puxa pra baixo: dá pra ver a parte interna, vermelha, como se a pele estivesse do avesso.
Sua mãe – que sempre o educou em casa – acha que já está na hora de colocá-lo em uma escola regular, mas ela e o marido tem um pouco de receio de como as coisas podem acontecer. Mesmo assim, August é matriculado na Beecher Prep. O diretor, o Sr. Buzanfa (hehehe), é um homem muito gentil que fará de tudo para que August seja bem recebido.
As crianças podem ser cruéis umas com as outras, e August – que sempre ignorou todos os olhares chocados, as expressões espantadas para seu rosto – enfrenta dificuldades de se habituar com os colegas, que parecem ter medo de encostar nele, ou até de pegar algum objeto que foi tocado por ele antes.
Ainda assim ele faz amizade com Summer, uma menina doce que o recebe bem já no primeiro dia de aula, e Jack que, apesar do que dizem as más línguas, realmente quer ser amigo de Auggie. Os dois o ajudam a enfrentar o bullying e as provocações, além de algumas outras situações muito marcantes para Auggie.
O centro da história é a batalha diária de Auggie no colégio, tentando fazer com que os colegas entendam que ele é um menino normal. Ele gosta de coisas normais, fala de coisas normais, faz piada, é inteligente e tudo o mais.
Leitura tranquila e referências divertidas
A escrita da autora é muito fluida e pessoal, e como os capítulos são pequenos (duas, três páginas), a leitura é rápida. Gostei da estrutura do livro: a história é contada por Auggie e por outros personagens que se relacionam com ele, como sua irmã Olivia, seus amigos Jack e Summer, a melhor amiga e também o namorado de Olivia.
É legal porque a gente acaba vendo outros pontos de vista sobre a história e passa a entrar na cabeça de alguns personagens. É o caso de Olivia, por exemplo. Ela ama o irmão mais que tudo, mas sofre calada com o excesso de atenção que o irmão recebe, e acaba tendo suas dúvidas, medos e necessidades subjugadas a um segundo plano.
Se eu tivesse dificuldades com alguma matéria, ia para casa e estudava até entender. Aprendi a converter frações em decimais na internet. Fiz todos os projetos da escola praticamente sozinha. Quando o papai e a mamãe perguntavam como tudo estava indo, eu sempre dizia “bem” – mesmo quando não estava tão bem assim. Meu pior dia, o pior tombo, a pior dor de cabeça, o pior machucado, a pior câimbra, o pior xingamento não são nada comparados ao que o August já passou.
Outro aspecto super legal do livro é a quantidade absurda de referências ao mundo nerd e a outras obras literárias. Star Wars está estampado em todo capítulo, mas tem também As Crônicas de Nárnia, O Mundo Mágico de Oz, Peter Pan, Guerra e Paz, O Pequeno Príncipe, entre outros.
Olha só a capa brasileira e a capa original do livro Extraordinário.
Eu meio que confio nos livros que a Intrínseca publica, porque gosto muito do catálogo deles (vide A Culpa é das Estrelas, O Teorema Katherine, a coleção do Percy Jackson, Tudo o que você pensa, pense ao contrário, etc), com exceção talvez de O Lado Bom da Vida, que achei um saco.
Extraordinário foi um livro que me conquistou pela máxima “Não julgue um livro menino pela capa cara”, que reforça lindamente que o que vemos na aparência de uma pessoa nem sempre traduz o seu caráter.
Extraordinário é um livro pra qualquer idade. A escrita simples não reduz o público apenas a infantojuvenil. A mensagem, de bondade, esperança e carinho, é pra crianças, adolescentes e adultos. Além do mais, é um daqueles livros que você mal acaba de ler e quer se inteirar de tudo o que a internet produziu sobre ele.
Uma das primeiras coisas que me chamou a atenção foi o tumblr que a escritora criou para difundir a mensagem do livro: http://choosekind.tumblr.com. A frase (choose kind) é comentada logo na primeira aula de August, e serviu de mote para a campanha antibullying da escritora. A Editora Intrínseca falou mais sobre isso no blog deles.
Bom, assista ao booktrailer do livro pra ver se você também não vai ficar curioso:
Ficha Técnica
Título: Extraordinário (Wonder)
Autor: R. J. Palacio
Ano: 2013
Gênero: Juvenil
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Post escrito por: Raquel Moritz.
Extraordinario. O melhor adjetivo.
Tudo neste livro é perfeito.. incrível isso.
Surpreendente também define, né Marcela? :)
Beijo!
To esperado meu livro chegar *-*
Achei a história muito bacana, acho que as reflexões que vão ser captadas são ótimas :DDD
Eu AMO esse livro, não tem outra palavra melhor para defini-lo do que extraordinário! Esse livro é fantástico e as reflexões que ele passa são maravilhosas! <3
Beijoos;
Lizz
http://livrosecores.blogspot.com.br/
Realmente, Lizz, “extraordinário” é a melhor palavra que tem pra definir o livro <3