Grave isto na memória, rapaz: um mundo é sustentado por quatro coisas… – ela ergueu quatro dedos nodosos – … o conhecimento dos sábios, a justiça dos poderosos, as preces dos justos e a coragem dos bravos. Mas tudo isso de nada vale… – ela cerrou o punho – … sem um governante que conheça a arte de governar. Faça disso a ciência de sua tradição!
Considerada por muitos admiradores de ficção científica (inclusive por este que vos escreve) o melhor romance do gênero, a Magnum Opus de Frank Herbert rendeu-lhe o Nebula Award de 1965, e o Hugo de 1966.
Com uma clara reprodução alegórica do que vivemos hoje em relação ao petróleo, onde tudo que produzimos e o combustível de praticamente todos os nossos meios de locomoção é gerado a partir de uma única substância, Duna (adicione ao Skoob) consegue ser tão atual no nosso tempo, quanto foi revolucionário em seu lançamento.
Um épico do gênero sci-fi, a obra desmonta toda a imagem da ficção científica padrão que conhecemos. Esqueça inteligência artificial, teletransporte e hologramas. No universo de Duna, isso já é passado. Depois de uma guerra travada entre Humanos e Máquinas, séculos atrás do tempo em que se passa o primeiro volume, toda e qualquer tecnologia sofisticada o bastante para agir como o cérebro humano foi proibida, o que ajuda a formar uma atmosfera “low-tech”, mesmo milhares de anos no futuro.
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A trama do livro se passa quase inteiramente no planeta Arrakis – vulgo Duna – que, como o apelido já entrega, é um planeta árido, habitado pelo povo nômade Fremen, e os exploradores Harkonnen. Seria um lugar de mínimo valor econômico e político para as famílias galácticas não fosse a especiaria existente apenas no solo de Arrakis, da qual se deve toda a economia do universo.
Nesse universo galáctico/feudal, acompanhamos a família Atreides em sua missão de recolonizar Arrakis após o Imperador (representante legal de todas as casas galácticas) ordenar a retirada dos Harkonnen do planeta.
O livro trata a clássica temática de “jornada do herói” com um ar mais messiânico e profético. Desde o primeiro capítulo sabemos que Paul Atreides (nosso protagonista) é especial, e ele sabe disso também. Isso torna sua aventura não apenas um desafio físico, onde ele sabe que pode morrer a qualquer momento, mas um desafio intelectual. Para resolver os problemas ele tenta imaginar um cenário onde a reação em cadeia de seus atos resultem em um futuro que seja seguro para ele e sua família.
Além de toda essa atmosfera incrível de ler, o grande trunfo de Duna são os diálogos e pensamentos de Paul. É sempre um prazer aguardar capítulos com discussões entre os personagens, ou mergulhar na mente do protagonista. Toda a rede de conspiração política também é muito bem arquitetada. Se você tem uma curiosidade aguçada dificilmente vai largar o livro. O trabalho de Frank Herbert é realmente impressionante.
Para aqueles que amam universos mais elaborados, o prazer de ler Duna se equipara a ler O Senhor dos Anéis ou As Crônicas de Gelo e Fogo. Há dezenas de apêndices no livro editado pela Aleph, o que torna a sua imersão neste universo ainda mais completa.
Duna é um livro para ser lido com calma. Assim como todos os grandes épicos, ele requer tempo e dedicação. Toda a atmosfera criada por Herbert é digna de reverência: a criatividade do autor em elaborar uma ecologia planetária; a função dos vermes gigantes do deserto que são temidos em todo o planeta; as conspirações políticas intrincadas. Tudo é bem feito e torna a obra uma leitura obrigatória para qualquer fã de ficção científica.
Obs: Qualquer semelhança entre Duna e o planeta Tatooine de Star Wars, não é mera coincidência. Diversas referências de Duna foram implantadas em Star Wars, como o próprio planeta com seus vermes gigantes e povos nômades do deserto. Te peguei, George Lucas!
Ficha Técnica
Título: Duna
Autor: Frank Herbert
Editora: Aleph
Páginas: 541
Gênero: Ficção Científica
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