
As pessoas contam mentiras chatas sobre política, Deus e amor. Você descobre tudo que precisa saber sobre uma pessoa com a resposta desta pergunta: Qual é o seu livro preferido?
Eu sinceramente não sei nem por onde começar para falar de A Vida do Livreiro AJ Flikry (adicione ao Skoob). Eu gostaria de ver todos os apaixonados por literatura com um exemplar deste embaixo do braço.

Nenhum homem é uma ilha; cada livro é um mundo. Essa é a chamada da capa, e é também o slogan na única livraria de Alice Island, palco dessa história apaixonante sobre livros e livreiros, e sobre a mudança que uma boa história pode causar na sua vida.
Quando recebi o livro, comecei a leitura achando tudo meio clichê, sabe. Um dono de livraria isolado numa cidadezinha pequena, meio rabugento, com uma perda pessoal recente e que só quer saber de livros clássicos. Todo o resto é modinha, é chato, é mainstream (mas essa palavra é muito mainstream pra ele usar), etc, etc.

“O Poe é um péssimo escritor, sabe? E Tamerlane é o pior. Cópia sem graça de Lorde Byron. (…) Eu odeio livros de colecionador de qualquer modo. As pessoas se derretendo por carcaças de papel. As ideias é que importam, cara. As palavras”, diz Daniel Parish.
A. J. termina a cerveja. “Você, meu caro, é um idiota.”
Não levou nem 50 páginas para que eu começasse a rir em voz alta com a história (no ônibus, no almoço, em casa). E foram necessárias menos páginas ainda para que eu me rendesse à história de A. J.: como ele passou de viúvo à pai adotivo por acaso, com um coração de gelo derretendo aos poucos. Me apaixonei por A. J., por sua filha mega inteligente Maya e, claro, sua paixonite aguda Amélia, a representante de livros que ele maltratou demais na primeira visita dela na Island Books.
É um livro sobre encontrar a leitura certa na hora certa – assim como o amor. Às vezes uma boa história fica ruim porque não estamos na hora de apreciá-la ainda. Às vezes uma história péssima te conquista porque representa tudo o que você precisava ouvir. Esses cenários literários são bem representados aqui com personagens, com acontecimentos que fazem a cidade inteira se mexer.

Li pela primeira vez em Princeton (…) e não fiquei nem um pouco emocionado. (…) Deparei-me com o conto outra vez, há uns dois anos, e chorei tanto que você vai ver que o livro está manchado. Acho que fiquei mole depois da meia-idade. Mas também acho que minha nova reação está relacionada com a necessidade de encontrarmos histórias no momento certo de nossas vidas.
Como um bom autor (e roteirista, por exemplo) faria, os elementos que aparecem no começo da história e ficam ali, de plano de fundo, tem sua hora para serem trabalhados. Tudo nessa história, com menos de 200 páginas, tem seu momento de vir à tona.
Tem tantas coisas maravilhosas no livro que me encantaram pelos detalhes: o nascimento do gosto pela leitura pelo simples hábito de entrar em uma livraria, os clubes do livro que despertaram o interesse e o senso crítico dos moradores da cidade, os comentários sobre e-readers e livros obrigatórios no colégio, as anotações pessoais de A. J. sobre obras que marcaram a vida dele a cada início de capítulo, a pequena Maya que vive enfiada na livraria e avalia os livros com desenhos: um queijo para um livro perfeito, uma maçã para livros cheirosos. Quem não é um leitor, apenas não encontrou o livro certo (é o que Gabrielle Zevin diz em uma entrevista, e eu concordo com ela). Essa é uma história para ser saboreada por cada um de vocês.

As palavras que não encontra, pede emprestado. Lemos para saber que não estamos sós. Lemos porque estamos sós. Lemos e não estamos sós. Não estamos sós. Minha vida está nestes livros. Leia estes livros e conheça meu coração. Não somos como romances. Não somos como contos. No fim, somos como obras selecionadas.
Em certo momento do livro, A. J. está comentando sobre algo que Amélia lhe indicou, e o que ele diz, é exatamente como me sinto em relação à essa história: “Escolha exata de palavras colocadas no lugar exato. Esse é o maior elogio que posso dar.” To apaixonada, o que faço? <3
A Vida do Livreiro A. J. Fikry foi cedido pela Editora Paralela (Companhia das Letras) ao Pipoca Musical por conta da parceria. Acompanhe as novidades da editora nos canais: Site | Facebook | Twitter
Ficha Técnica
Título: A Vida do Livreiro A. J. Fikry
Autora: Gabrielle Zevin
Ano: 2014 (original: 2014)
Editora: Paralela
Páginas: 186
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