
Já comentei com vocês meu interesse por livros sobre suicídio, certo? Desde o maravilhoso It’s Kind of a Funny Story, até aquela coisa do Jeffrey Eugenides, é sempre interessante ver como a literatura fala sobre alguém que quer tirar a própria vida.
Em especial Jay Asher, autor de Os 13 Porquês (adicione ao Skoob), cuja trama já mostra o caminho sem volta de Hannah, a garota que não está mais entre nós, mas parece tão presente quanto eu ou você.
Os 13 Porquês é um livro diferente. Hannah é uma adolescente que se suicida e deixa uma lista de razões para ter feito isso. Cada uma delas, 13 no total, tem ligação com uma pessoa, e é para elas que Hannah resolve contar em primeira mão os seus motivos.

Ela grava 7 fitas nos dois lados (A e B pra quem não lembra dessa época tão divertida quanto as fitas VHS), e despacha um pacote pelo correio para o primeiro culpado antes de cometer o ato. O livro começa quando Clay Jansen, um colega de classe, recebe o seu pacote misterioso e quase congela ao escutar a voz de Hannah.
Com esse pontapé, o livro traz a narração na íntegra do conteúdo das fitas de Hannah, e os intercala com a reação e os sentimentos confusos de Clay. A diagramação sensacional trouxe até uma referência visual para mostrar as pausas da fita quando Clay precisa de um tempo para respirar. Estamos ao lado dele, ouvindo a garota. E também precisamos respirar.

A primeira coisa que vale a pena ser dita é que a gente não tem ideia do que os outros estão passando. Por trás de um sorriso torto ou um abraço apertado, a mais infeliz das pessoas pode estar te olhando. É preciso saber reconhecer e oferecer ajuda de uma maneira apropriada (ou seja, nada dessa lista aqui, por exemplo).
Já vimos tantos casos surpreendentes na mídia, que muita gente já se acostumou a relevar. E é para estas pessoas, principalmente, que à primeira vista os motivos de Hannah Baker podem parecer “bobos”. Mas faça a soma de tudo. Os pedidos de ajuda dela são de cortar o coração.

Aliás, o sentimento de coração partido fica durante boa parte da leitura. Tem capítulos que realmente mexem com os nossos sentimentos, graças ao tato do autor com a personagem. Hannah é perfeitamente transparente enquanto fala. Senti muito por ela e por tudo o que passou. E aí você lembra daquele período trevas do colégio (as piadas, as provocações, as mentiras, as fofocas) e fica pensando em qual combinação de elementos pode causar uma catástrofe.
Uma experiência acertada na leitura do livro pra compartilhar com vocês: eu o ganhei de presente do Diego, do blog Estante do Visconde, e resolvemos ler ao mesmo tempo, com cafezinhos regulares para comentar os capítulos, e MINHA NOSSA só faltava a gente chorar toda vez que falava a respeito. Achei muito legal ter essa troca em tempo real, praticamente. :)

Ao fim do livro, Jay Asher responde 13 perguntas sobre Os 13 Porquês em um anexo. Razões para ter escolhido esse formato de narrativa, de onde surgiu a ideia, como ele buscou referências para delinear Hannah, e muito mais. Uma das coisas que eu achei mais interessante foi o fato de ele ter escrito primeiro as fitas de Hannah, para que fosse algo “imutável” e fizesse Clay reagir ao conteúdo. Se ele escrevesse o livro de forma linear, provavelmente acabaria fazendo a fita reagir ao Clay, e sabemos que ele não é o protagonista da história.

Bom, resolvi deixar essa dica de livro hoje aqui porque, como vocês devem se lembrar, ele entrou no meu Top 10 de Melhores Livros de 2014, e mesmo que eu o tenha lido há tanto tempo, ainda tenho um carinho enorme pela história. Se fica uma pergunta após a leitura do livro, é uma que não tem resposta: e se?
Ficha Técnica
Título: Os 13 Porquês
Autor: Jay Asher
Editora: Ática
Ano: 2009 (original: 2007)
Páginas: 256
Compre: Cultura
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