As I took those two steps back, Margo took two equally small and quiet steps forward.
Aqui estou eu mais uma vez falando sobre o meu livro em inglês do mês com o tema John Green (quelle surprise!). O livro escolhido foi Paper Towns (que será traduzido no Brasil como Cidades de Papel e lançado em agosto) e gostei bastantão.
Em Paper Towns conhecemos Quentin Jacobsen (também chamado de Q.), um nerd com N maiúsculo que tem amigos bem divertidos e está prestes a se formar no colégio. Quando era pequeno, ele passava a maior parte do tempo com sua vizinha maluquinha Margo Roth Spiegelman. Quando tinham 9 anos, os dois encontraram um corpo num parque, e a curiosidade de Margo fez com que ela descobrisse quem o cara era e o que ocasionou sua morte. Apaixonada por mistérios, Margo logo se tornou um.
Quando chegaram à adolescência, Margo virou uma garota popular e divertida no colégio, enquanto Quentin ficou totalmente na dele, com poucos amigos e nunca em evidência. Isso não o impediu de se apaixonar pela garota, e a imagem que ele tem de Margo é de uma deusa perfeita e adorável.
I elbowed him in the ribs, but I was still thinking about Margo, because she was the only legend who lived next door to me. Margo Roth Spiegelman, whose six-syllable name was often spoken in its entirety with a kind of quiet reverence. Margo Roth Spiegelman, whose stories of epic adventures would blow through school like a summer storm (…) The stories, when they were shared, inevitably ended with, I mean, can you believe it? We often could not, but they always proved true.
Até que em um cinco de maio qualquer, Margo invade o quarto dele pela janela, vestida de ninja (a cena é muito divertida) e o convoca para ajudá-la num plano de vingança contra o namorado dela. Apesar de resistir um pouco, ele se junta a Margo no meio da madrugada e cumpre uma lista de coisas que ela planejou (a garota é criativa e engraçada, não tem como não rir) e em poucas horas algo dentro de Quentin muda.
“Tonight, darling, we are going to right a lot of wrongs. And we are going to wrong some rights. The first shall be last; the last shall be first; the meek shall do some earth-inheriting. But before we can radically reshape the world, we need to shop.”
Tudo vai às mil maravilhas, a noite termina, o sol nasce e ao chegar na escola, Quentin acha que as coisas vão mudar, que ele e Margo serão melhores amigos e que ele terá como provar como ele é um nice guy, mas o que acontece é que Margo desaparece. Pelo que consta, essa já é a quarta ou quinta vez que a garota faz isso, e como agora ela já tem 18 anos, seus pais – de saco cheio – nem ligam mais.
Quentin não desiste de Margo tão fácil. Ele sente que ela pode ter deixado pistas e vai fuçar o quarto dela com os amigos para achar algo que diga onde ela está. O que ele encontra, no entanto, é um livro de poemas de Walt Whitman, com algumas frases de Canção de Mim Mesmo (Song of Myself) destacadas. E as frases parecem dizer algo a ele.
The final three stanzas of “Song of Myself” were also highlighted.
I bequeath myself to the dirt to grow from the grass I love,
If you want me again look for me under your bootsoles.
You will hardly know who I am or what I mean,
But I shall be good health to you nevertheless,
And filter and fibre your blood.
Failing to fetch me at first keep encouraged,
Missing me one place search another,
I stop some where waiting for you
It became a weekend of reading, of trying to see her in the fragments of the poem she’d left for me. I could never get anywhere with the lines, but I kept thinking about them anyway, because I didn’t want to disappoint her. She wanted me to play out the string, to find the place where she had stopped and was waiting for me, to follow the bread crumb trail until it dead-ended into her.
Quentin parte em busca de Margo e começa a descobrir coisas sobre ela, sobre ele próprio e sobre os dois, que ele nem imaginava. É uma jornada repleta de descobertas que pode ou não levá-lo até ela. Com a ajuda de seus dois amigos e da melhor amiga de Margo, Lacey, eles tentam desvendar o mistério-Margo.
She was not a fine or precious girl. She was just a girl.
Paper Towns é bem profundo e muito sensível. Fala sobre tantas coisas e tem metáforas tão aplicáveis que a gente se pega refletindo toda vez que fecha o livro. As diferenças entre o que nós achamos das pessoas e o que elas realmente são, reflexões sobre a vida e os valores que a gente tem. Como romantizamos algumas pessoas, algumas coisas. E como elas tomam caminhos inimagináveis. A frase lá do começo do post “As I took those two steps back, Margo took two equally small and quiet steps forward” diz muito sobre os dois personagens, ainda que tenha sido inserida no primeiro capítulo de forma literal (é quando eles encontram o corpo).
Gostei muito da inserção do poema de Walt Whitman na história. Quem gosta pra caramba de ler e adora interpretar texto vai se deliciar com a luta de Quentin em decifrar Margo através do poema.
“I don’t know,” I said, staring at a stack of graded papers on her desk. “I’ve tried to read it straight through a bunch of times, but I haven’t gotten very far. Mostly I just read the parts she highlighted. I’m reading it to try to understand Margo, not to try to understand Whitman.”
E cara, como eu dei risada com essa história.
Depois de ler alguns vários livros do John Green, você percebe as tentativas do autor em passar algo ao leitor através de personagens que compartilham a mesma essência, ainda que sejam atormentados por coisas diferentes. E sempre há uma Margo / Alaska / Katherine para fazer o rapaz subir pelas paredes. Aliás, Margo e Alaska são bem parecidas em alguns pontos.
Mas John Green sabe escrever. Ele sempre te surpreende. Você sempre termina as leituras um pouco diferente. Assim como Quentin mudou um pouco ao ter suas cordas (um termo usado bastante na história) cruzadas com as de Margo, Miles mudou ao ter as suas cruzadas com Alaska. E essas mudanças também nos atingem.
A Margo for each of us – and each more mirror than window.
Eu adoraria explicar a razão do título ser Paper Towns, mas é algo que você precisa ler para entender, até porque ele tem três significados, cada um exposto em cada parte do livro. É tão importante ou carregado de significado quanto “a culpa é das estrelas” ou “looking for alaska”. Compreender o termo “paper towns” é uma coisa que faz parte da experiência de leitura.
Se você já leu e quer mergulhar em curiosidades e explicações profundas (ou nem tanto) sobre vários aspectos do livro, recomendo que visite o FAQ sobre Paper Towns no site do John Green. Toda vez que termino um livro dele, vou correndo pra lá. <3 Aliás, aqui vai uma curiosidade bacana sobre Margo. O nome Margo Roth Spiegelman foi escolhido por John Green porque 1. Contém a palavra Go no primeiro nome (e ela desaparece da cidade). 2. Roth significa vermelho (tem algumas referências a cores nessa história). 3. Spiegelman significa ‘pessoa que faz espelhos’ em alemão (isso faz sentido pra quem lê, posso garantir).
Se recomendo que você leia Paper Towns? Claro que sim. John Green é espetacular. Se está desfrutando de tanto sucesso, é porque mereceu os elogios. E aproveita que a Editora Intrínseca resolveu manter a capa mais bonita na edição brasileira, e compra o seu.
Gostaram da resenha? Alguém aí já leu? O que achou? Comente! :)
Ficha Técnica
Título: Paper Towns
Autor: John Green
Ano: 2008
Editora: Speak
Páginas: 303
Clique aqui para comprar o livro em inglês com frete grátis.