Piteco – Ingá, uma pré-história bem brasileira

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piteco shiko panini, graphic msp, pipoca musical

As avós das nossas avós sabiam disso, e deixaram uma mensagem que só poderia ser vista quando o nosso rio secasse. Pois esse seria o momento exato de conhecer o nosso destino. Agora, a água do rio está secando. E não voltará. Agora, a voz dos antigos pode ser ouvida… e seguida. Porque aqui, na pedra do Ingá, está escrita a nossa salvação.

A conclusão do primeiro arco de um projeto tão maravilhoso como as Graphic MSP não poderia ser diferente. Sidney Gusman tem realmente um olhar apurado para escolher os artistas que irão representar cada personagem repaginado do Mestre Mauricio de Sousa. A graphic novel do Piteco (adicione ao Skoob)não poderia cair em mãos mais hábeis que a do Paraibano Shiko, Paraíba aliás que é a terra de outro mestre dos quadrinhos, o grande Mike Deodato Jr (desenhista da Marvel Comics) que assina o prefácio que se encontra na contracapa. Shiko acertou a mão em todos os pontos, deu o tom certo a aventura, trabalhou muito bem os personagens, construiu uma trama que te prende do inicio ao fim, e permeou a história com muito misticismo e cultura, isso sem contar com sua arte esplêndida, ricas em detalhes e que fazem encher os olhos.

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“Ingá é uma aventura emocionante, com doses bem balanceadas de ação, humor, suspense e amor, E ainda tem várias referências à nossa terra, a Paraíba, o que me deixa duplamente orgulhoso. – Mike Deodato Jr.”

Em resumo a história trata de um momento crítico na vida do Povo de Lem, ao qual o protagonista pertence. Assim como na profecia encontrada na Pedra do Ingá, o Rio da aldeia e principal fonte de suprimento secou e o povo deve migrar pra outra área. Na noite anterior à partida, Thuga (amiga e affair de Piteco) é sequestrada pelos homens-tigre e nosso herói caçador decide ir atrás dela com a companhia do seu grande amigo, o inventor Beleléu. Ele ainda irá enfrentar muitos perigos para provar que o amor que sente por Thuga se sobrepõe à profecia dos antigos.

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– Você é um caçador, não um guerreiro.
– Exatamente, veja… foi daqui que a levaram. Eram três e não caminhavam em pé. São homens-tigre. Foram em direção o vale de Ur. Se são tigres… podem ser caçados!

A forma que Shiko decidiu unir a cultura nordestina (a mais rica do Brasil, na minha opinião) às origens do personagem foi incrível! Foi um casamento perfeito, a Pedra do Ingá realmente existe e se encontra no Agreste da Paraíba, acrescentando uma mitologia ainda mais crível ao leitor.

E não é só isso, fora a base, o autor colocou muitas outras referências à nossa cultura, até mesmo seres míticos do nosso folclore dão as caras na aventura e de uma forma totalmente coerente com a narrativa. O design dos personagens está fabuloso: desde Piteco até os coadjuvantes menos relevantes estão muito bem trabalhados; os cenários são lindos e ricos e realmente me faltam adjetivos pra descrever a técnica de aquarela à qual o Shiko domina.

A história em si me lembrou dos tempo em que comecei a ler quadrinhos. Eu adorava histórias aventurescas em lugares inóspitos como em Tarzan e O Fantasma, e essa HQ resgata esse espírito de aventura que bons quadrinhos de heróis deve ter.

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E agora, mais uma vez, deixamos as marcas na pedra, para que as netas das nossas netas saibam, que aqui nós continuamos escrevendo a história iniciada na pedra do Ingá. Que aqui nós plantamos sementes novas e desejos muito antigos… amamos e fomos felizes.

Desde a divulgação do projeto essa era a HQ que eu mais esperava. O teaser era sem dúvida o mais chamativo e ousado da Graphic MSP, um projeto subsequente das MSP (Mauricio de Sousa Por) que traziam curtas histórias de vários artistas, com uma visão inovadora dos personagens já consagrados do Mauricio. As graphic novels trazem uma nova proposta, livros únicos dedicados totalmente a “um” personagem específico, onde o artista selecionado pode realmente desconstruir aquele universo e trazer uma visão inovadora à obra. E inovação é a palavra que melhor cabe aqui, pois nenhuma das graphic já lançadas até agora foi tão feliz nesse quesito quanto Piteco – Ingá, a arte/história mais ousada até então, sem perder a essência dos clássicos personagens. Todas as minhas expectativas em cima dessa obra foram sanadas, ou melhor – superadas.

Um quadrinho realmente completo e que eu indico para qualquer público ou faixa etária. Se tem algum defeito nesse quadrinho, é que ele não é maior, mas eu realmente espero que ele tome o rumo de alguns de seus parceiros de projeto e nos presenteie com continuações, pois eu colecionaria até mesmo edições mensais desse universo primoroso.

Ficha Técnica

Título: Piteco – Ingá
Projeto Graphic MSP
Autor: Shiko
Editora: Panini Comics
Ano: 2013
Páginas: 82
Skoob: adicione à estante

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Comentários

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7 comentários via blog

  1. Carol Vieira comentou em

    Super legal essas Graphics Novels néh Bruno? Eu tenho a da Turma da Mônica – Laços e a do Chico Bento – Pavor Espaciar , e agora que eu li a sua resenha vou correndinho na livraria comprar a do Piteco! Valeuuu pela dica ^^

    1. Brubs comentou em

      São demais Carol! Aproveita e compra também Astronauta Magnetar que é fantástica, só vai ser difícil achar :/

  2. Oi Bruno, tudo bem?
    Adorei sua resenha! Acho que sentimos as mesmas coisas lendo esse quadrinho fantástico e cheio de referências. Ele é tão rico que é impossível não se sentir impressionado com a beleza e a ação da história.

    1. Oi Anna :)
      Realmente nem tem como não embarcar na aventura, os personagens já são carismáticos a décadas, a arte está deslumbrante, só precisava de uma boa história e ele não nos decepcionou, espero que venham muitas mais nesse estilo, cada dia que passa eu sinto mais orgulho dos quadrinhos nacionais!
      Obrigado pelo comentário, bjs