As Aventuras de Pi e o tigre mais realista da história do cinema

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As Aventuras de Pi - Tigre Richard Parker

Pi Patel (Suraj Sharma) é filho do dono de um zoológico na Índia, mas quando a prefeitura local retira os incentivos que ajudavam a manter os animais, a família decide vender o empreendimento e se mudar para o Canadá. Na noite da mudança, Pi e sua família embarcam em um cargueiro, mas uma tempestade terrível naufraga a embarcação. Apenas Pi consegue sobreviver em um bote salva-vidas, e acaba dividindo o espaço com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre-de-bengala chamado Richard Parker (só tem foto dele nesta crítica, porque ele é lindo).

As Aventuras de Pi - Tigre Richard Parker

O mote da história, pra mim, foi meio cansativo e, para ser sincera, foi o visual me manteve interessada até o final. A premissa – desde o trailer – não havia me cativado, e por mais deslumbrante que fosse, não conseguia me identificar com o personagem.

É no final de As Aventuras de Pi que o filme revela sua moral e sua duplicidade. Inesperado e bastante reflexivo, o significado de As Aventuras de Pi, desde o naufrágio até a luta pela sobrevivência no mar é algo que nos faz lembrar do poder de uma história.

Bastidores do filme As Aventuras de Pi

 

Um tigre inacreditavelmente real

Mapeamento dos movimentos de Richard Parker

Colocar um tigre-de-bengala daquele tamanho e um garoto em um barco não daria certo, então é bom deixar claro que a equipe de efeitos especiais de As Aventuras de Pi trabalhou arduamente. No entanto, cada movimento de um tigre real foi estudado compulsivamente para que o resultado final fosse satisfatório. “Não queríamos que o ator fosse comido”, disse o supervisor de Efeitos Especiais, Bill Westenhofer para o New York Times.

Quatro tigres reais foram utilizamos na produção, para referência de movimentos e diversas fotos foram colhidas para que a equipe de efeitos especiais fizesse um tigre realista. De acordo com Bill, quase 86% das cenas com Richard Parker são com um tigre digital, com as cenas restantes utilizando um dos tigres reais. O desafio maior foi mapear cada movimento dos tigres reais para reproduzir com fidelidade na computação gráfica.

Um link curiosíssimo é o site Pi’s Epic Journey, que mostra váááááááárias etapas de criação do filme, inclusive do tigre (imagens acima), do salto da baleia, das cenas de tempestade, tudo, tudo. É o melhor website do ano, a visita é merecidíssima.

Você pode ler mais sobre a criação do tigre na matéria do New York Times. Foi o que mais me encantou, e achei o prêmio de Melhores Efeitos Especiais merecidíssimo.

 

Scliar vs Martel: As Aventuras de Pi é plágio?

O filme As Aventuras de Pi é um filme baseado no livro homônimo escrito por Yann Martel, em 2001. Na época, muitas discussões sobre a originalidade do tema foram iniciadas. Os críticos alegavam que a história de Martel era um plágio de Max e os Felinos, do escritor gaúcho Moacyr Scliar.

Publicado em 1980, Max e os Felinos é composto por alguns contos. A história principal fala de um menino que foge da Alemanha nazista em um navio em direção ao Brasil. Após um naufrágio, o rapaz se salva em um bote junto com um jaguar. Na história, o jaguar é o símbolo da ditadura militar, um animal de difícil compreensão e que poderia ser violento a qualquer momento para saciar suas necessidades. (Fonte)

Moacyr Scliar reconheceu a semelhança da história do canadense com a sua, mas não se sentiu inclinado a processá-lo. Martel chegou a incluir um agradecimento a Scliar no prefácio de seu livro, dizendo que a “centelha de vida da história” veio do escritor gaúcho.

Prefácio de "A Vida de Pi" com menção a Moacyr Scliar.

Como ninguém largou do pé dele, Martel garantiu que conhecia a obra do brasileiro apenas por meio de uma resenha do New York Times.

ZH – A imagem mais forte em seu livro – menino e animal isolados em uma barco salva-vidas – é idêntica à que Scliar usou em Max e os Felinos. Quais os limites que um artista deve respeitar quando se inspira nos trabalhos de outros artistas? Martel – Ótima pergunta. Em minha opinião, está claro que o que fiz está longe de ser considerado um plágio. Responda-me, baseado no que escrevi, sem ao menos ter lido o livro do sr. Scliar, você acha que eu o plagiei? É possível plagiar um livro que nunca se tenha lido? Talvez você ache que eu não devesse ter me inspirado na idéia dele? Neste caso, vá a uma locadora e retire um filme de Fellini chamado E la Nave Va. Não assisti a E la Nave Va, mas a partir do poster do filme posso afirmar que há uma cena em que um homem está sozinho num salva-vidas com um rinoceronte! Será que é preciso lembrar Noé e a sua boa e velha arca? Os artistas buscam inspiração em muitas coisas. Pegamos emprestado, mas também emprestamos. Shakespeare inspirou boa parte de suas obras em outros autores, como, por exemplo, Holinshed. Eu sempre me referi à resenha feita sobre o livro do sr. Scliar. Deixei claro que busquei inspiração em seu livro (ou, pelo menos, no que eu pude entender do livro a partir de uma resenha) para construir minha própria história. Tentei deixar isto claro tanto nas entrevistas quanto nos textos que escrevi a respeito. – Leia a entrevista completa no Zero Hora.

Você pode assistir a uma entrevista com Moacyr Scliar, na qual ele fala sobre Max e Os Felinos e A Vida de Pi, no youtube.

Particularmente, penso que dezenas de livros se inspiraram em Crepúsculo, Cinquenta Tons de Cinza e até Harry Potter, e nem por isso os autores moveram processos. Se quiser ler uma resenha legal sobre o livro As Aventuras de Pi, recomendo o texto da Bru, lá do blog Um Pouco Disso e Aquilo.

Conflitos à parte, As Aventuras de Pi foi indicado ao Oscar em 2013 e ganhou a estatueta de Melhor Fotografia, Melhor Diretor, Melhores Efeitos Visuais (é óbvio, você viu aquele tigre?) e também de Trilha Sonora.

Ficha Técnica
Título: As Aventuras de Pi (Life of Pi)
Diretor: Ang Lee
Ano: 2012
Gênero: Aventura, Drama
Duração: 127 minutos

Falemos sobre Hitchcock, o filme (e o diretor, e a esposa dele, e a filmografia, e…)

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