Você já parou pra pensar no que faria caso algo muito esquisito acontecesse na Terra e ameaçasse a humanidade?
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Não falo de algo que vem cozinhando há tempos, falo de algum evento especial. Muitos autores já mostraram de forma bem fidedigna como o ser humano reagiria: Asimov falou disso em O Cair da Noite, Saramago em Ensaio sobre a Cegueira e, mais recentemente, até o brasileiro Fábio M. Barreto com o excelente Filhos do Fim do Mundo. Seja a escuridão, a cegueira, o fim da reprodução humana, a gente entraria em pânico e faria besteira. Imagina se um Apocalipse Zumbi estourasse? Hoje o tema aqui é o livro A Noite dos Mortos-Vivos (adicione na estante), de John Russo, mas antes, precisamos falar de outras coisas.
Os zumbis estão em evidência há algumas décadas, muito bem estabilizados na cultura pop. De carnívoros à românticos apaixonados (pois é), eles já foram figurantes e protagonistas de muitos filmes, séries e livros. O aspecto mais interessante é a crítica por trás da falta de raciocínio e a fome por carne fresca. Movimentos sociais, consumismo, fanatismo e falta de informação são temáticas que foram abordadas em diferentes momentos por diferentes autores.
O filme de 1968
Tanta evidência se deve, principalmente, ao filme A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead, 1968), dirigido por George Romero e escrito por John Russo. Mesmo que não tenha sido o primeiro a mencionar os zumbis, é o primeiro a tratá-los naqueles moldes, e é precursor de muita coisa que vemos hoje.
O filme aposta em um acontecimento de escala global que faz os mortos voltarem à vida e saciarem uma fome infinita de carne humana – fresca, de preferência. A trama se desenrola com foco em um grupo de sobreviventes que se aprisionam em uma casa antiga e seguem as ordens de Ben (interpretado por Duane Jones), que parece estar lidando melhor com a situação.
No roteiro, Ben é um homem negro e lidera o grupo de sobreviventes. Enfatizar isso hoje pode até ser besteira, mas em 1968, ter um negro falando que “quem manda aqui sou eu!”, esbofeteando uma branquela que está tendo um ataque de pânico em um momento em que as tensões raciais estavam à flor da pele, era muita coisa pra processar.
Curiosidade: no primeiro episódio de The Walking Dead, tem um molequinho negro chamado Duane Jones (interpretado por Adrian Kali Turner). Ele recebeu esse nome em homenagem ao protagonista do filme. :)
O roteiro em forma de romance
Mas e o livro, onde entra nessa história? O filme A Noite dos Mortos-Vivos foi uma produção muito bem sucedida e comentada. As pessoas não tinham apenas medo de morrer, mas também de virarem mortos-vivos e de serem atacados por amigos e familiares. Se você está rindo das pessoas que se abalam com isso, obviamente não se lembra do que aconteceu na radionovela de Guerra dos Mundos, né? :P
Então, pouco mais de seis anos após a estreia do filme nos cinemas, John Russo escreveu um romance com base no roteiro. Foi a chance de brindar a literatura com um pouco de horror, de pânico e humanidade. Quem já assistiu ao filme não vai ter muita surpresa, mas vai se deliciar com os detalhes e a habilidade de escrita do John Russo.
O autor também aproveitou e escreveu uma sequência chamada A Volta dos Mortos-Vivos, que não chegou a ser filmada. A história se passa 10 anos depois dos acontecimentos do filme e consegue ser ainda mais grotesco, com inclusão de uma gravidez, fé e religião, estupro, crianças com deficiências mentais, golpes e mais assassinatos. É ainda mais assustador porque, diferente do primeiro livro, aqui a gente tem um panorama de uma sociedade que está tentando sobreviver a mortos-vivos e também oportunistas que se aproveitam do sofrimento dos outros. É de tirar o fôlego.
Ambos os textos podem ser encontrados, agora em português e numa edição espetacular, na edição que a DarkSide Book lançou recentemente. São duas opções de capa, porém com o mesmo conteúdo. Tanto a edição especial como a edição clássica trazem um prefácio de John Russo, os dois romances do autor e algumas fotos do filme.
Tudo com o capricho já conhecido e esperado pelos fãs da DarkSide Books. Além da diagramação espetacular, a tradução e revisão da obra estão excelentes. Se você me perguntar qual edição comprar, vou ter que dizer pra você decidir pela mais bonita.
Cine Book Club | A Noite dos Mortos-Vivos
Para promover o lançamento do livro em março, o Pipoca Musical realizou em Santa Catarina uma edição do Cine Book Club, em parceria com a DarkSide Books. A ideia do evento era reunir fãs do filme de George Romero (e de zumbis em geral) para falar sobre o impacto da obra e, depois, assistir ao filme de 1968.
No debate, tivemos a participação do escritor Hugo Maximo (que escreve coisas muito legais e disponibiliza no site dele), a jornalista Marta Brod, o designer Sávio Abi-Zaid e o jornalista Leo Laps.
Foi muito legal, você pode conferir as fotos na nossa fanpage, e assistir ao vídeo que mostra um pouco do que rolou no evento. E se depois de tudo isso que eu falei, você está curioso para ver o trailer do filme, é só dar play no vídeo aí embaixo.
“They’re coming to get you, Barbara.”
A Noite dos Mortos-Vivos foi cedido pela DarkSide Books ao Pipoca Musical por conta da parceria. Eu super recomendo que você acompanhe as novidades da editora nos canais: Site | Facebook | Twitter | YouTube | Tumblr
Ficha Técnica
Título: A Noite dos Mortos-Vivos e A Volta dos Mortos-Vivos
Autor: John Russo
Ano: 2014 (original: 1975)
Gênero: Horror
Editora: DarkSide Books
Páginas: 320
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