A dor do luto em “Altos Voos e Quedas Livres”, de Julian Barnes

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Você junta duas pessoas que nunca foram juntadas antes. Às vezes é como aquela primeira tentativa de atar um balão de hidrogênio a um balão de fogo (…) mas às vezes funciona, e algo novo é criado, e o mundo se transforma. Então, em algum momento, mais cedo ou mais tarde, por um motivo ou outro, uma delas é levada embora. E o que é levado embora é maior do que a soma do que havia. Isso pode não ser matematicamente possível; mas é emocionalmente possível.

Altos Voos e Quedas Livres (adicione ao Skoob) foi escrito pelo britânico Julian Barnes após a morte de sua esposa, em 2008. Em um livro curto ele mistura ficção, metáforas, ensaios e um pouco de autobiografia para falar da dor de perder alguém que deveria estar ao seu lado para sempre.

O livro é dividido em três partes e mistura algumas histórias com a dele próprio, não necessariamente na ordem esperada. De forma quase lírica, ele conta as experiências de personagens únicos ao longo do século XIX.

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Há dois tipos básicos de solidão: o que resulta de não se ter encontrado ninguém para amar. E o que resulta de ter sido privado da única pessoa que amou.

Na primeira parte, Julian fala sobre Félix Nadar, um jornalista, fotógrafo, balonista e inventor, o primeiro homem a unir fotografia e altitude, captando imagens do alto de seu balão, algo que ninguém tinha visto ainda. Félix não era dos maridos mais fiéis, mas sempre esteve ao lado da esposa, que sofreu um derrame e ficou em um estado lastimável. E na segunda parte, o fracasso toma conta: o romance conturbado entre o soldado inglês Fred Burnaby e a atriz Sarah Bernhardt ganha foco nas mãos de Julian.

Mas é a terceira parte que mais emociona. Tudo o que ele não falou para seus familiares, amigos e pessoas próximas depois de perder sua esposa, ele transforma em prosa. A dificuldade em aceitar a ausência da mulher amada, o impulso suicida, as atividades que eram feitas em dois e agora não são mais feitas, a falta de um rumo, etc.

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Alguns voam através da arte, outros da religião; a maioria do amor.

A delicadeza dele em falar de sua dor é algo que me impressionou. Cruzar sua história com o balonismo, que tem sua justificativa apresentada lá pelas tantas do livro, é uma forma bonita de encarar as dificuldades da vida. Julian sabe que toda subida pode ser seguida de uma queda abrupta e dolorosa.

A história por trás do livro

Após a perda de sua esposa, a agente literária Pat Kavanagh, para o câncer cerebral, Julian Barnes escreveu Altos Voos e Quedas Livres. Ele e Pat viveram juntos por mais de 30 anos, mas ele teve apenas 37 dias para entender que em breve ela não faria mais parte de seu mundo. Mas o livro não é sobre isso, é sobre a dor da ausência, sobre o buraco não preenchido que fica na nossa vida.

Nem tudo eram rosas entre os dois, mas Julian não aborda essa perspectiva. Ele não chega a mencionar, por exemplo, a breve separação dos dois, por volta dos anos 80, quando Pat se relacionou com Jeanette Winterson. Jeanette é autora do livro A Paixão (adicione ao Skoob) e diz que a base da obra foi inspirada em seu curto relacionamento com Pat.

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Altos Voos e Quedas Livres é um livro bonitinho. É delicado, diferente e realista em muitas das coisas que fala. Não consigo nem imaginar o que alguém passa quando perde – pra sempre – a sua metade da laranja. E é por isso que Julian me conquistou aqui. Espero que conquiste vocês também. ;)

Esse livro foi cedido pela Editora Rocco pela parceria com o Pipoca Musical. Acompanhe as novidades da Editora nos canais: Site | Facebook | Twitter | Resenhas

Ficha Técnica

Título: Altos Voos e Quedas Livres
Autor: Julian Barnes
Ano: 2014
Editora: Rocco
Páginas: 128
Skoob: adicione à sua estante

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