Não sei se vocês também são do tipo de leitor que gosta mais de biografias do que romances ou aventuras. Eu sou esse tipo de leitor. Adoro biografias, especialmente quando elas contam histórias ou causos que envolvam o cenário musical. Claro, isso não significa que descarto outros tipos de leituras, mas quando a história tem algum contexto musical ela acaba me prendendo mais. Quando acontece, isso acaba se tornando uma leitura agradável e descontraída, daquelas de ter vontade de sempre estar com o livro na mão ou buscar alguns minutinhos do dia só pra dar continuidade à leitura.
Isso acabou por acontecer com o divertido e engraçadíssimo 30 e Poucos Anos e uma Máquina do Tempo, o romance de estreia da americana Mo Daviau. Apaixonada por música – pois também atuou em algumas bandas – a autora cria uma atmosfera totalmente fora do habitual ao misturar música, viagem no tempo e romance. Já explico…
Karl Bender é o ex-guitarrista do Axis, uma banda que fez o maior sucesso em suas turnês na década de noventa, mas que hoje se contenta em cuidar e a receber os poucos, mais fieis frequentadores do seu bar. Wayne DeMint, seu melhor amigo, é um deles. O que os tornam amigos é a paixão em comum pela música e aflição que atinge a maioria dos homens solteiros: a saudades do passado.
Nossos vinte anos tinham sido cheios de rock e coragem. O futuro nos deixou mais velhos, mas nossa sabedoria era duvidosa.
A monotonia nos dias de Karl acaba quando, ao procurar por um par de seus estimados coturnos no armário, cai em um buraco escuro e gelado. Ao se levantar, ele percebe que está no meio de um show de rock, ouvindo covers de Liz Phair. Ao ver ele mesmo, debruçado sobre o balcão do bar, descobre que esse show foi há três meses atrás. BANG! Karl descobre uma máquina do tempo e a transforma em um negócio. Junto de Wayner, começa a vender viagens no tempo para seus amigos e fregueses do bar, transportando eles para seus shows preferidos ou os quais gostariam de estar.
Não importava o lugar ou quem você gostaria de assistir. The Rolling Stones, Bruce Springsteen, The Smiths, Bob Dylan ou Elliott Smith. Era necessário apenas seguir pequenas regras e de boa convivência: a de ter dinheiro para pagar as viagens; não interagir consigo mesmo e/ou alterar os fatos do passado; utilizar um aplicativo desenvolvido por Wayne e seguir corretamente os passos para a volta pra casa.
A história se torna um diário de pequenas viagens ao tempo e muita trilha sonora, com lista dos principais shows visitados por Karl e Wayne. Bom, até o incidente principal que provoca o twist da narrativa. Diante de todas as possíveis viagens no tempo e a tentação de poder mudar algo do passado (quem nunca?!), Wayne tem a ideia de voltar no tempo – precisamente em 8 de dezembro de 1980, no Central Park – para impedir o assassinato de John Lennon. No entanto, ao perceber que algo de errado não está certo, Karl percebe que enviou o amigo para o ano de 980.
Ei, seu merda, aqui é inverno e não há prédios. Meu saco está congelando e é sua culpa. Você é burro demais para consertar isso sozinho. Vá procurar um astrofísico.
“30 e Poucos Anos e uma Máquina do Tempo” concedeu à Mo Daviau a premiação do Hopwood Award e é um livro despretensioso, dotado de uma diversão contagiante e que proporciona algumas horinhas de entretenimento. Você não precisa gostar de música ou entender de Física para gostar da narrativa do desleixado e não menos carismático Karl.
E acredite. Quando o assunto é música, não importa se há viagens no tempo e muita confusão. Nessa história o amor também é um elemento único e personagem principal.
Ficha Técnica
Título: 30 e Poucos Anos e uma Máquina do Tempo
Autor: Mo Daviau
Editora: Fábrica231
Especificações: 240 páginas, brochura
ISBN: 9788568432945
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