Graffiti Moon: a salvação pela arte

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capa graffiti moon, livro sobre arte, pipoca musical

O que eu gosto na arte é que, às vezes, o que você vê tem mais a ver com o que você é do que com o que está na parede. Eu olho essa pintura e penso em como todo mundo tem segredos guardados, algo adormecido como aquele pássaro amarelo.

Responda rápido: o que você acha de grafitagem? Aqui no Brasil, grafite e pichação acabam servindo de lenha para uma discussão acalorada sobre arte e liberdade de expressão. Enquanto o primeiro tem mais interesse estético e pode, inclusive, ser incentivado em algumas cidades, o segundo acaba sendo uma forma de protesto e vandalismo (e é feiopara$@#$#).

Demorei para dar uma chance para Graffiti Moon (adicione ao Skoob), até a Thaís, do blog Pronome Interrogativo, falar super bem do livro. Ainda bem, pois Graffiti Moon fala sobre arte, ilusão, sentimento e superação. Tudo isso através de artes grafitadas nas paredes da cidade, que chamam a atenção de uma jovem.

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Pintei um fantasma preso numa garrafa. Dei um passo para trás, para olhar o fantasma, e percebi que o triste não era que ele estava ficando sem ar. O triste era ele ter ar suficiente para a vida toda naquele espaço tão pequeno.

É interessante pensar em quantas coisas podem acontecer em uma única noite. E Cath Crowley pega todas essas possibilidades e conta uma história com cores, camadas, metáforas e amor. Passamos apenas uma noite ao lado dos nossos protagonistas, e conhecemos eles à medida que eles se conhecem melhor. Podemos ver suas esperanças, preocupações, seus problemas, talentos e fraquezas. E de pano de fundo temos arte.

Bom, no começo do texto perguntei o que você achava de grafitagem. Pergunto pois, afinal, o livro pode te deixar com o coração mais mole pra falar do assunto. O grafite foi a forma que Ed encontrou de espantar seus fantasmas e tirar a dor e frustração que o rodeava.

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É quase uma metáfora para a condição humana. O homem é forte, mas se você o atinge no ponto exato, o destrói.

Uma de nossas personagens é Lucy Dervish, uma adolescente apaixonada por arte, que vê uma beleza pura e misteriosa nos grafites assinados por Sombra, que cobrem os muros da cidade. Ela não sabe quem ele é, mas sente que o conhece cada vez melhor por conta dos desenhos, e que ele é o cara que vai decifrá-la. Uma paixão platônica que já dura dois anos.

Do outro lado temos o Sombra, ou melhor, Ed – que já mencionei acima. Há muito tempo atrás ele levou Lucy para sair, mas um erro de cálculo faz a mão dele parar na bunda dela, e como brinde ele tomou um belo soco no nariz. Depois disso os dois nunca mais se falaram, e Ed abandonou o colégio quando sua dislexia se tornou um problema mais sério. As palavras não o ajudam em nada, mas a arte sim.

Na última noite do ensino médio, Lucy acaba topando com Ed e ele diz – mais pela insistência dos amigos – que sabe onde achar o Sombra. Desta forma, os dois se juntam num roteiro que envolve os lugares onde a arte dele está estampada na cidade. A determinação de Lucy é tanta que ela acaba não enxergando o que está bem à frente dela.

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– A gente acabou de se conhecer, então vou perguntar com delicadeza: você é doida?
– Só por curiosidade, o que você diria se a gente já fosse amiga há mais tempo?
– Ele pode ser um serial killer ou, pior, pode ser velho, Lucinha.
– Serial killers não são criativos.
– Assista Dexter e volte a falar comigo.

O livro tem algumas passagens divertidas (como esta acima, entre Lucy e sua melhor amiga), outras são mais pesadas, mas a história trata do fim de um ciclo e início de outro. De como duas pessoas podem se unir através de uma paixão em comum e mudar a vida um do outro. De como segundas chances são importantes, e desistir não faz parte do roteiro.

É um livro YA, então ele vai ter algumas características disso. Meu único porém com a história – algo que realmente me fazia revirar os olhos – foi a necessidade de Lucy e as amigas ficarem contando tudo que acontecia em tempo real, ligando, mandando mensagens, fofocando, etc. Sei que isso pode acontecer hoje em dia, mas algumas atitudes não demonstravam muita maturidade e segurança da personagem, ao passo que todo o resto sim (um detalhe que talvez ninguém mais dê bola).

Recomendo Graffiti Moon para quem gosta de se surpreender com leituras despretensiosas. Posso até mencionar todos os prêmios que ganhou, mas há mais nas entrelinhas. Acredito que você vai notar. :)

Graffiti Moon foi cedido pela Editora Valentina pela parceria com o Pipoca Musical. Acompanhe as novidades da Editora nos canais:
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Ficha Técnica

Título: Graffiti Moon
Autora: Cath Crowley
Ano: 2014 (original: 2010)
Gênero: Young Adult
Páginas: 240
Compre: Submarino | Cultura | Valentina
Skoob: adicione à estante

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Comentários

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16 comentários via blog

  1. O livro parece ser interessante e sobre a grafitagem, penso que é uma arte e qualquer tipo de arte me deixa encantada. E sua estante que aparece ao fundo da foto é linda!

    1. Oi Maria! Pois é, é uma forma de expressão, né. Só tem que respeitar os espaços. Quanto à estante, obrigada, eeee <3

  2. Thaís comentou em

    Essas histórias que acontecem em um único dia são tão incríveis, né? Como você disse, Quel, muita coisa pode acontecer.

    A forma como a autora uniu redenção e arte foi tão bonita. Você gostou de como ela fala sobre a cidade? Acontece na Austrália e eu fiquei com tanta vontade de conhecer o lugar que eles viviam! hahahahaha Se tiver a quantidade de arte que tem no livro, olha… <3

    1. Siim, ela fala da cidade de um jeito apaixonante. Eu não cheguei a pesquisar depois, mas parecia algo visitável, hehe. E com relação aos desenhos, bem que podia ter uns no livro :P

      Beijo, flor. Obrigada pela visitinha. ;*

  3. Esse é um livro com um potencial para conquistar leitores pena que o pessoal não dá tanta bola. Apesar de ser um tema que não me atrai, vou ler em breve. parabéns pela sua resenha. (:

    1. Pois é, acho que se a pessoa curte livros desse tipo desse uma chance, ia curtir. :)
      Obrigada pela visita!

  4. Muito bom conhecer mais um pouco dessa obra que está encantando muitos leitores, inclusive eu. A história é comovente e um pouco triste, mas vale a pena ler. Beijos.

  5. erica comentou em

    Sua resenha está muito boa.
    Vou ler em breve.

  6. Ítalo Costa comentou em

    Olha, eu pegava só por essa capa linda. Os YA andam me surpreendendo muito, apesar de vez ou outra você ler uma coisa boba no gênero (mas isso tem em qualquer gênero!), sempre aparece alguma coisa boa.
    Fiquei impressionado!
    Beijos.

    1. Ítalo Costa comentou em

      Obs: que estante mais linda. :)

    2. De vez em quando surge umas coisas meio genéricas, mas esse é um gênero que me surpreende quase sempre. A única coisa que incomoda é que os adolescentes são *muito* adolescentes em algumas histórias, mas isso tem mais a ver com o fato de eu estar ficando mais véia. :P

      Bjs