2001, a obra máxima de Arthur C. Clarke e Stanley Kubrick

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2001 uma odisseia livro, pipoca musical, editora aleph

Mas, por favor, lembrem-se: esta é apenas uma obra de ficção. A verdade, como sempre, será muito mais estranha.

Você já deve ter ouvido falar de 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968), o filme de Kubrick que se tornou um ícone da ficção científica. Bom, talvez você não tenha visto, mas vai reconhecer o HAL 9000.

Quando assisti ao filme de Kubrick pela primeira vez, fiquei deslumbrada com o cuidado estético e a visão futurista. Stanley Kubrick fez poucos filmes em seus 43 anos de trabalho (foram 13 ao total), mas seu perfeccionismo é latente. A obra acabou virando um marco do cinema nos aspectos cinematográficos, sociológicos, artísticos e etc.

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Muitos dizem que 2001 foi baseado em “A Sentinela”, mas isso é uma simplificação muito grosseira; os dois têm a mesma relação que uma castanha tem com a castanheira. (…) Talvez por Stanley ter percebido que eu tinha baixa tolerância ao tédio, ele sugeriu que antes de embarcarmos na lentidão do roteiro, deixássemos nossa imaginação voar livremente, escrevendo um romance completo, a partir do qual depois derivaríamos o roteiro.

Bom, comecei falando do filme, mas o tema de hoje é o livro. Falar de um e não falar de outro seria impossível, mesmo porque esse foi um dos poucos casos em que o filme (cujo roteiro é coassinado por Arthur C. Clarke) inspirou o autor do argumento a estender a história para as páginas do livro. 2001 – Uma Odisseia no Espaço (adicione ao Skoob) foi desenvolvido junto ao filme, e teve seu argumento principal criado a partir do conto “A Sentinela”, escrito em 1948 por Clarke.

Enquanto Kubrick trabalhava no roteiro, Clarke escrevia o livro, trocando ideias com o colega para enriquecer ambas as obras. O livro, depois, tornou-se o pontapé para uma série com mais três obras de ficção científica, todas escritas por Arthur C. Clarke (publicados em 1982, 1988 e 1997). Outra história de Clarke que influenciou 2001 – Uma Odisseia no Espaço foi “Encontro no Alvorecer“, um conto que se parece muito com a primeira parte do livro, que se passa na pré-história.

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Inconscientemente, passou as mãos pelas próprias costelas protuberantes; as costelas daquelas criaturas estavam ocultas por rolos de gordura. (…) Noite após noite, o espetáculo daqueles quatro homens-macacos-gordinhos se repetiu, até se tornar uma fonte de exasperação fascinada, que servia para aumentar a fome eterna e torturante d’Aquele-que-Vigia-a-Lua.

A história principal é dividida em 6 partes, cada qual subdivida por capítulos curtos que vão dando ritmo à história. A primeira parte fala dos primeiros passos da humanidade, quando o homem sentia fome e era ameaçado de extinção pelos predadores. Mas então a chegada repentina de um objeto esquisito, um monolito fino e negro que não se parecia com nada que o homem primitivo já tinha visto, muda algumas coisas na pré-história e sinaliza um passo da evolução.

Milhões de anos depois, outro monolito é encontrado na Lua e deixa os cientistas curiosos. Para investigar a peça, a Terra envia para o espaço uma nave tripulada por uma equipe altamente treinada, assistida por um computador com inteligência artifical, o HAL 9000.

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(…) o resultado final foi uma inteligência artificial capaz de reproduzir – alguns filósofos ainda preferiam usar a palavra “imitar” – a maioria das atividades do cérebro humano, e com muito mais velocidade e confiabilidade.

A escrita de Arthur C. Clarke é mais simples do que eu imaginava. Os detalhes científicos estão ali, mas cada leitor extrai algo diferente da história. Em linhas gerais, é uma história sobre evolução, espiritualidade e aquela curiosidade que temos de saber se estamos sozinhos no universo, ou não.

E aí você me diz: não entendi nada da história. Não se preocupe, Clark disse, certa vez, que “se você entendeu completamente 2001, então falhamos”, pois os autores quiseram “levantar mais questões do que as que foram respondidas”. De qualquer forma, nada tema, a internet já pensou nisso e desenvolveu um site MUITO legal chamado Entendendo 2001 (disponível em vários idiomas!), com vídeos explicativos de várias partes da história. Achei sensacional.

I’m sorry, Dave

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E o HAL 9000? Ele é um computador com uma inteligência artificial bem avançada, que foi instalado na nave Discovery para manter o funcionamento e evitar falhas humanas na execução da missão. A bordo, ele nem ao menos pode usar toda a sua capacidade para jogar xadrez com os tripulantes, pois não faria bem à moral da equipe, então ele perde 50% das vezes. Ele é capaz de fazer reconhecimento facial, leitura labial, compreende emoções, raciocina e, claro, começa a se desenvolver além da conta.

Há uma lenda de que o nome de HAL deriva de IBM deslocando uma letra adiante, mas Clarke diz que se tivesse percebido isso, teria alterado. “Deixem-me mais uma vez indicar, cansado, o Capítulo 16 para a origem correta desse nome”, diz Clarke em sua nota à edição do milênio.

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O sexto membro da tripulação não se importava com nenhuma dessas coisas, pois não era humano. (…) HAL (nada menos que computador de programação Heurístico-ALgorítmica) era uma obra-prima da 3ª revolução informática.

Acho que ele e a Samantha (Her, 2013) fariam uma bela dupla.

Edição exclusiva brasileira

Esse post não estaria completo se eu não mencionasse a edição mega especial que o livro ganhou. O projeto é exclusivo da Aleph, foi pensado e desenvolvido por eles junto ao designer Pedro Inoue (que também fez a capa da edição especial de Laranja Mecânica, e todas as capas da nova coleção do Philip K. Dick).

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Mas não é só design (embora essa simulação do monolito seja genial): o livro traz uma nota de Clarke após o falecimento de Kubrick, as traduções dos dois contos mencionados acima e uma nota do autor escrita em 1999 para a edição do milênio.

2001: Making of a Myth

Pra quem ficou curioso, aqui ainda tem um documentário de 43 minutos narrado pelo James Cameron (2001: Making of a Myth), sobre a importância da obra e alguns detalhes da produção. É só dar o play:

Bom, espero que tenham curtido. Ainda estamos no comecinho do ano de 2014, mas sei que esse livro vai entrar facilmente no Top 10 de leituras do ano. Fiquei impressionada com a facilidade de leitura, e a profundidade da história. É um complemento indispensável para quem se apaixonou pelo filme de Kubrick e, devo dizer, para quem ama ficção científica.

Ficha Técnica

Título: 2001 – Uma Odisseia no Espaço
Autor: Arthur C. Clarke
Ano: 1968
Gênero: Ficção Científica
Editora: Aleph
Páginas: 336
Skoob: adicione na estante
Comprar: Compre no site da Aleph

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