Victor Hugo é autor de duas das obras mais conhecidas da humanidade: Os Miseráveis (que ganhou adaptação para os cinemas em um musical estrelado por Anne Hathaway e Hugh Jackmann) e O Corcunda de Notre Dame, uma das minhas histórias favoritas. Ambas foram escritas com esmero pelo francês, e se tornaram clássicos não apenas pela história, mas também pelos conflitos profundos que refletiam.
Para quem ainda não teve a oportunidade de ler, aqui vai um resumo de O Corcunda de Notre Dame. Na obra, personagens de todas as camadas sociais de Paris em 1482 se cruzam nas ruas da mais famosa catedral gótica de toda a Europa: gente do clero, senhores de poder, ciganos, mendigos e prostitutas. Fazem parte desta época as festas esplêndidas, as execuções públicas e as revoltas populares.
– Você sabe o que é a amizade? – perguntou.
– Sim – respondeu a cigana – É ser irmão e irmã, duas almas que se tocam sem se confundir, os dois dedos da mão.
– E o amor? – prosseguiu Gringoire.
– Oh! O amor! – disse ela, e sua voz tremia, o olho faiscava. – É ser dois e ser apenas um. Um homem e uma mulher que se fundem num anjo. É o céu.
Neste cenário, temos a cigana Esmeralda, uma jovem que dança na praça da Catedral de Notre Dame e perturba a razão dos homens mais fiéis com sua beleza avassaladora. Motivado pelo medo de sucumbir à tentação, o arquidiácono Claude Frollo pede que seu sineiro, o medonho Quasímodo, rapte a moça, mas ele acaba se apaixonando por ela. Ela, no entanto, é salva pelo capitão dos arqueiros reais, Phoebus, que se sente igualmente atraído pela cigana. E assim nasce um dos mais tristes e belos romances da literatura.
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Quasímodo é um homem de feições deformadas e membros retorcidos, que deseja conhecer o que existe fora da Catedral, mas é constantemente atormentado pela sua própria aparência e pelos julgamentos de Frollo, que o considera um monstro e o trata como escravo, já que fez a bondade de adotá-lo quando criança, quando “até a sua própria mãe o rejeitou”. Ainda assim, Quasímodo é sensível à beleza e vê em Esmeralda seu amor perfeito: ambos são solitários e deslocados da sociedade, cada um do seu jeito.
Em O Corcunda de Notre Dame, Victor Hugo eterniza amores impossíveis e monta um retrato de uma sociedade que julga de acordo com seus interesses e acredita cegamente em sua Igreja. Ele aproveita a figura de Quasímodo para falar sobre a dificuldade de conviver e aceitar as diferenças entre as pessoas e usa as demais figuras masculinas para representar a ambição e avareza que circundam os homens de poder.
Ali está tudo o que amei.
Com maestria, o autor nos apresenta uma série de situações que nos emocionam e nos envolvem na luta pelo amor de Quasímodo ou pela danação dos que são déspotas, cruéis e ardilosos – com ele ou uns com os outros. É uma obra sensível e admirável. Não preciso nem dizer que é leitura obrigatória para quem admira clássicos da literatura.
Ficha Técnica
Título: O Corcunda de Notre Dame (Notre-Dame de Paris)
Autor: Victor Hugo
Ano: 1831
Editora: Leya (Coleção Eternamente Clássicos)
Páginas: 472