Minha primeira experiência com a escrita de John Boyne foi com O Menino do Pijama Listrado, seguido por O Garoto no Convés (a Raquel já falou aqui sobre Tormento também); ambos com crianças como personagens principais e situados em épocas diferentes, assim como Fique Onde Está e Então Corra (adicione ao Skoob). Este, no caso, se durante a Primeira Guerra Mundial e nosso personagem é Alfie Summerfield.
O ano é 1914. Alfie vai fazer 5 anos, mas quase ninguém pode vir para sua festa de aniversário porque a guerra começou – no dia do seu aniversário, na verdade. Só alguns moradores da rua Damley puderam participar: vovó Summerfield, o velho Bill e sua melhor amiga, Kalena Janacek, e o Sr. Janacek. Alguns diziam que a guerra iria acabar antes do Natal, mas já se passaram quatro anos e nada.
– Por que o senhor se mudou para Londres?
O sr. Janacek abriu um imenso sorriso e ele pareceu mais feliz do que todas as outras vezes em que Alfie o tinha visto.
– Pela melhor razão do mundo – ele explicou – Por amor.
(…) Ele não tinha nenhum interesse em ouvir aquilo. Amor era uma coisa sobre a qual adultos conversavam e as meninas liam.
O pai de Alfie, Georgie Summerfield, se alistou logo no primeiro dia e estava ansioso para cumprir seu dever e servir o país. Ele costumava escrever sempre, mas Alfie e sua mãe, Margie, não tem notícias há muito tempo. Margie fala que o pai de Alfie foi convocado para uma missão secreta, mas ele sabe que essa não é a verdade.
Assim como em O Menino do Pijama Listrado, o autor oferece uma perspectiva inocente e humana de uma situação delicada. Alfie é inocente e ao mesmo tempo assume um papel maduro depois que o pai vai para a guerra. Ele duvida do que os adultos falam e questiona os fatos do mundo como só as crianças sabem fazer.
Disseram que teria acabado antes do Natal, mas quatro anos já tinham passado, o quinto estava a caminho e a guerra não dava nenhum sinal de estar perto do fim.
Tenho que admitir que a sinopse e premissa do livro me deixaram muito curiosa e tendo expectativas para uma história impressionante e até meio louca; mas não foi bem isso o que aconteceu: a história é, de uma certa forma, simples sem deixar de ser interessante. Na verdade, depois da leitura lembrei que o estilo do autor é exatamente isso: ele não viaja longe, mas cria emoção e desperta o interesse com histórias mais possíveis.
O mais interessante pra mim foi como tivemos personagens afetados pela guerra de todos os ângulos. Além dos “tradicionais” homens empolgados para servir o país, temos a perspectiva daqueles que lucravam com a guerra, dos idosos que entendiam realmente o que acontecia, das famílias que perderam pais, maridos, filhos; imigrantes que foram expulsos do país e, o mais interessante pra mim, a visão daqueles que se recusavam a participar e contribuir com a guerra.
Pode não ter sido um dos meus favoritos, mas a leitura vale a pena pela mudança de perspectiva entre os personagens – indo até para o Sr. Asquith, o cavalo – e por Alfie, um personagem motivado, inteligente e adorável.
Fique onde está e então corra foi cedido pela Companhia das Letras ao Pipoca Musical por conta da parceria. Acompanhe as novidades da editora nos canais: Site | Facebook | Twitter | Instagram
Ficha Técnica
Título: Fique Onde Está e Então Corra
Autor: John Boyne
Editora: Editora Seguinte, Companhia das Letras
Páginas: 219
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