Nem sempre se precisa de algemas para estar preso.

Aventuras, mundos alternativos, criaturas fantásticas, reis e ladrões são alguns dos elementos que você encontra no livro O Quarto Mundo (leia aqui). Escrito pela brasileira Marina Sandoval, essa fantasia explora uma possibilidade bem interessante com personagens cheio de história ao longo de suas trezentas páginas.

O livro começa com uma batalha da marinha contra os piratas – e com o afastamento de um grupo de quatro homens que acaba chegando de barco em uma ilha sem saber direito como tudo aconteceu. Lá, em um farol, eles encontram Virgínia, uma mulher misteriosa que fornece a eles algumas informações preciosas.

A primeira delas: eles estão no Quarto Mundo, que é um lugar onde as pessoas não estão vivas, nem mortas – um mundo paralelo ao nosso, ou limbo, como preferir. A segunda: nesse Quarto Mundo, um novo rei – corrupto – determinou que, para sair dali, as pessoas precisam cumprir missões. Caso sejam bem sucedidos, voltam à vida. Caso não sejam, morrem. A Virgínia é um ponto fora da curva porque ela não cumpriu a missão, mas continua ali neste mundo – razão pela qual é procurada.

Estamos no meio do caminho, entre a morte e a vida. (…) Em algum lugar, no nosso mundo, nossos corpos estão dormndo e ninguém consegue nos acordar, porém ainda respiramos e nossos corações batem.

Quando entendem a roubada em que eles se meteram, o médico Steven, seus companheiros, Hubert e Richard, e o pirata Thomas saem em uma jornada própria e levam Virgínia consigo, mas essa decisão desencadeia uma série de acontecimentos que impactam o destino de todos eles.

É muito legal olhar de maneira mais fria para a história e notar que, em um limbo, há uma vida inteira para ser vivida, que ficar entre dois estados não é o mesmo que ficar parado. Notar que seres mágicos vivem ali, em algum lugar vizinho ao nosso mundo, e que mesmo o mais improvável dos homens (ou mulheres, não vamos nos ater a gêneros) pode mudar tudo. Já se passou algum tempo desde a última vez que eu li um livro assim de fantasia e foi muito gostoso revisitar as sensações de descoberta que uma obra como essa proporciona.

É mais fácil saber qual é a atitude certa quando não se está envolvido.

Uma coisa bacana é que não temos 50 páginas introdutórias te explicando cada vírgula – tudo que é preciso para contar a história aparece pouco a pouco no livro. A Marina Sandoval trabalhou um universo muito rico em detalhes, com mitologia própria e seres fantásticos bem ambientados. Cada coisinha tem uma função dentro desse mundo.

No blog da autora, você pode acessar a tag O Quarto Mundo para encontrar um conteúdo de apoio. De forma alguma o livro é insuficiente, mas os textos da Marina dão mais corpo aos personagens que a gente acompanha durante a trama, como é o caso da Virgínia e do Thomas.

Eu gostaria que você tivesse todo o tempo necessário para aceitar o que aconteceu, mas não é o caso.

Escrever O Quarto Mundo foi um processo longo e repleto de pesquisa para criar uma mitologia consistente e rica com nomes, línguas, linhagens e todo o resto. Marina comentou que reescreveu o livro muitas vezes até achar que estava bom. Sua dedicação chamou a atenção de duas editoras, e ela escolheu uma para abraçar a obra. “Escrever é um trabalho, e eu amo o meu trabalho”, diz a autora que achou seu gosto pela escrita ainda na adolescência, quando escrevia roteiros de filmes para preencher o tempo.

Depois que o livro está pronto começa todo o planejamento em torno dele. Ver o livro ganhar corpo, capa, fonte, mapas (!), ganhar vida é, certamente, uma das partes mais prazerosas. É claro que existem percalços. Seja nas mãos da editora ou do autor, fazer com que as pessoas saibam da existência do livro é um trabalho árduo. Para isso, Marina conta com apoio da comunidade blogueira que compartilha suas impressões de leitura de maneira honesta – e muitas vezes abraça a causa com o autor (vocês já viram a resenha da Bruna Miranda e da Thaís Cavalcante, por exemplo?).

Acho que, depois de tudo, um pouco de álcool vai cair bem.

Como todo autor, Marina diz que provavelmente mudaria um detalhezinho ou outro da história. “Nada muito grande (…) mas tenho certeza que se eu pegar nesse livro de novo, eu vou sair mudando um monte de coisas”, brinca. Um dos autores que a inspiram era mestre nisso: Tolkien era bem conhecido pelo seu detalhismo e levou seus editores à loucura com tantas mudanças realizadas em suas obras (você pode saber mais sobre isso na biografia escrita pelo Michael White). Gaiman, Licia Troisi e Raymond E. Feist também estão entre os favoritos da Marina e suas obras permeiam o trabalho da Marina de certa maneira.

Para 2017, a autora planeja publicar o segundo volume de O Quarto Mundo (ufa!) – que já está escrito e aguarda releituras e revisões – e também o terceiro volume de uma outra série chamada C.S. – Detetive Particular.

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Gostou de saber um pouco mais sobre O Quarto Mundo? Você pode baixar o e-book na Amazon ou comprar a edição física pela loja virtual da Saraiva e Cultura. Demonstre seu apoio aos autores nacionais. ♥ Existem histórias fantásticas aguardando você.

Ficha Técnica
Título: O Quarto Mundo
Autora: Marina Sandoval
Gênero: Fantasia
Ano: 2014
Comprar: Amazon (ebook) – Saraiva (físico) – Cultura (físico)
Adicione: Skoob – Goodreads

* Em compromisso com o leitor, o Pipoca Musical informa que este post contém conteúdo patrocinado. A autora apoiou o blog para leitura e análise honesta de sua obra de ficção.