“You are wrong. The truth is a cave in the black mountains. There is one way there, and one only, and that way is treacherous and hard, and if you choose the wrong path you will die alone, on the mountainside.”
The Truth is a Cave in the Black Mountains (adicione a versão brasileira ao Skoob) é uma história sobre vingança, arrependimento, ganância, amor e sobre as escolhas que levam uma pessoa a ser má. O conto, escrito por Neil Gaiman, é ilustrado por Eddie Campbell.
Vocês estão acostumados a me ver babando pelos trabalhos do Neil Gaiman, e isso tem total fundamento (hahaha), mas demorei para falar sobre esse livro no blog por alguns motivos, um deles é que a história não me pegou.
I hate myself for that, and nothing will ease that, not even what happened that night, on the side of the mountain.
O conto A Verdade é uma Caverna nas Montanhas Negras, que fazia parte de uma coletânea, começa com nosso protagonista procurando um guia – Calum McIness – para levá-lo até a caverna de Misty Isle. Geralmente, as pessoas buscam essa caverna porque ela contém muito ouro, mas não é bem isso que nosso protagonista (que é a cara do Tyrion) quer. E o que ele realmente quer é explicado mais à frente.
Há muitos trechos do conto que remetem à questão do nosso poder de escolha. Podemos fazer o que quisermos. Podemos seguir o caminho que preferirmos. Podemos ser honestos ou procurar subterfúgios. Podemos perdoar ou buscar vingança. Podemos abaixar a cabeça diante de uma injustiça, ou agir contra ela.
“Would you care to come out?” I asked. “For we are travellers, seeking warmth and shelter and hospitality. We would share with you our oats and our salt and our whisky. And we will not harm you.”
Aliás, sobre esse último pensamento – a injustiça -, eu tenho um trecho de A Verdade é uma Caverna nas Montas Negras para comentar com vocês. É algo que me deixou muito incomodada e, bem, desapontada.
Durante sua jornada, o protagonista e seu guia encontram uma casinha e pedem hospitalidade a uma mulher que está escondida e assustada. Eles só querem um lugar para passar a noite e prometem não machucá-la. Quando o marido dela chega em casa, fica meio irritado com a presença dos dois. E resolve descontar sua raiva nela. Quando se recolhem para dormir, o homem bate na esposa por alimentar e receber os visitantes em casa, e depois faz sexo com ela. Pois é.
We slept on the hard-earth floor of that cottage. (…) The man and his woman slept in their bed, behind the curtain. He had his way with her, beneath the sheepskin that covered that bed, and before he did that, he beat her for feeding us and for letting us in. I heard them, and could not stop hearing them, and sleep was hard in the finding that night.
Mesmo depois de prometer que eles não iriam machucá-la, nosso protagonista não agiu. Ele ficou quieto, apenas escutando, e saiu bem cedo no dia seguinte, enquanto os donos da casa ainda dormiam.
E mesmo que a cena toda servisse pra mostrar que as pessoas não tem coragem de confrontar alguém quando vão perder algo (no caso, um teto para dormir), há vários outros momentos do livro que mostram o caráter dos personagens de forma tão eficiente quanto. A cena de agressão e estupro é totalmente desnecessária.
I am old now, or at least, I am no longer young, and everything I see reminds me of something else I’ve seen, such that I see nothing for the first time.
A respeito das ilustrações, o trabalho de Eddie Campbell tem um quê de não finalizado e impreciso. Ainda que não tenha me agradado em termos visuais, é algo que tem a ver com a proposta da história. Em algumas imagens do post vocês conseguem visualizar o que quero dizer. :)
Ah, e uma curiosidade: em 2010, The Truth is a Cave in the Black Mountains foi lido por Gaiman em um concerto no Sydney Opera House (clique para ver um trecho), com as imagens de Campbell exibidas, cena a cena, em telões enormes e um acompanhamento musical do FourPlay String Quartet.
Se alguém tiver curiosidade de ler o conto, pode acessar o site Fifty-Two Stories, e ler na íntegra.
Ficha Técnica
Título: The Truth is a Cave in the Black Mountains
Autor: Neil Gaiman
Ilustrações: Eddie Campbell
Ano: 2014 (original: 2010)
Páginas: 80
Compre: EN – Book Depository e Amazon | PT BR – Cultura e Amazon
Skoob: adicione o original à lista, adicione a versão brasileira
Fiquei curioso, apesar de você não ter gostado tanto. Mas acho que tentarei ler o conto.
Eu gosto de histórias que questionam os valores morais. Porque hoje em dia muita gente vive e quer impor valores que elas mesmas não seguem à risca. E consigo, ao menos entender, essas questões de qualquer escolha ser permitida, contanto que não afete outro. E que a inação é tão ruim quanto uma má-ação.
Sobre a arte, eu não acho de todo ruim, essa forma mal finalizada. Talvez tenha a ver com o contexto da história. Ou então com o próprio estilo do artista. Mas é uma vertente no mínimo, diferente, acho que já chama atenção por isso… :)
Oi Nic,
Sim, a história, por trás dessa cena boboca ali, é interessante, até. O final é bacana, hahaha. Mas fiquei bolada com a cena, e a diagramação do livro é toda, toda, toda, toda esquisita (fotografei as partes mais bonitas, obviamente). Ainda assim, espero que gostem do conto, estou ansiosa pra ver as resenhas.
Bjs!
Oi D. Pipoca!
Poxa, que pena que você não curtiu tanto. Nem é legal quando nossos escritores queridos não atendem nossas expectativas, mas faz parte, né?
Sobre a cena que descreveu, se não teve uma razão tão específica para estar na história, realmente não faz sentido, afinal, violência por violência é bem desagradável.
Bom, se tiver oportunidade lerei, mas como confio na sua opinião, nem vou colocar na lista de prioridades…
Bjs bjs :)
Oi Bela,
Se você quiser ler, tem o link do conto ali na íntegra, porém em inglês. Se um dia tiver vontade, tá na mão.
É, às vezes não atende a expectativa mesmo, mas é normal. Tem outras obras dele que eu achei ok, também, hahaha. Faz parte. :)
Bjs, bjs! <3
Sim, sou do tipo que fica curiosa mesmo que as pessoas nao tenham gostado hahaha! Claro que vou precisar esperar a tradução em português, mas fiquei curiosa, pq ele com certeza sabia que a cena era bem forte T.T sempre me levando pro prejuízo, essa Pipoca hahaha
Hahahaha, espero que vc goste, Lígia. :))) Bjs!
Estava curiosa para saber porque você não gostou tanto, pipoquinha! Mas eu sempre prefiro ler as resenhas depois de ter escrito a minha, então esperei hehe
Eu adorei o livro! Acho que essa cena que te marcou não me afetou tanto porque vi mais como uma forma de mostrar uma realidade crua, comum ao cenário inóspito e primitivo do local. O autor também comenta que o cenário da Escócia do conto é similar ao do período dos jacobitas, outra evidência da inspiração.
Enfim, realmente gostei da narrativa, ilustrações e reflexões levantadas em tão poucas páginas, em um texto tão breve =)
beijocas!
Também tentei ver como algo de ambientação e até pra mostrar a índole do personagem, mas achei desnecessauro mesmo assim. Mas que bom que vc gostou do conto :)))) Tem muitas histórias pequenas dele que sou apaixonada, gostaria que fosse tudo traduzido xD BEIJÃO!