Como ouvinte do Nerdcast há muitos anos, devo dizer que acompanho Eduardo Spohr há muito tempo, e adoro as participações dele nos podcasts, sempre com informações interessantes sobre história, literatura e até religião, de forma inteligente e bem humorada. Embora a estreia literária dele não tenha me cativado na época, fiquei empolgada para ler a saga Filhos do Éden que, ainda que faça uso do mesmo universo, não é uma continuação de A Batalha do Apocalipse.
Devo dizer que Herdeiros de Atlântida me fisgou. O primeiro volume do que é pra ser uma trilogia (Herdeiros de Atlântida, Anjos da Morte e Paraíso Perdido), narra uma história que ocorre longe dos olhos humanos.
[LEIA+: Leia a resenha do livro Filhos do Éden #2 – Anjos da Morte]
Há uma guerra no céu, um confronto entre o arcanjo Miguel e seu irmão Gabriel, que acabou dividindo as legiões. Gabriel, o Mestre do Fogo, revoltou-se contra o irmão, iniciando assim uma guerra civil. O grupo rebelde tem uma arconte (uma espécie de capitã) chamada Kaira, uma ishim da província do fogo, que está desaparecida desde que foi enviada à Terra para investigar a violação de uma regra do tratado dos anjos.
Esse trecho da foto é um dos melhores do livro e foi
brilhantemente narrado por Guilherme Briggs no Nerdcast #276.
Conhecemos Levih e Urakin, dois anjos que precisam encontrar e ajudar Kaira a completar a missão dela. Eles seriam encarados como uma dupla qualquer, se o perfil de ambos não fosse tão diferente. O primeiro, por conta das características da própria casta (ele é um ofanim), evita conflitos e resolve tudo na conversa. O segundo tem o espírito guerreiro dos querubins e não pode recuar em uma luta. Tamanha diferença acaba fazendo com a que a dupla se complete, muito embora crie situações com poucas saídas.
[LEIA+: Leia o epílogo excluído de Herdeiros de Atlântida.]
Ao encontrar Kaira no corpo de Rachel, uma estudante de Santa Helena (uma cidade do Rio de Janeiro detalhada com tanto esmero que fiquei chocada ao descobrir que não existia), eles percebem que sua memória foi apagada ou alterada, e ela não se lembra de quem realmente é. Agora, além de protegê-la e ajudá-la a cumprir sua missão, os dois celestes precisam lidar com uma mulher que tem dificuldades de usar e compreender seus poderes e que, de início, não dá crédito nenhum à história.
Após ser atacada por representantes do arcanjo Miguel, a Centelha Divina (como Kaira também é chamada) é ferida em combate. Ela é levada às pressas para a casa de um querubim exilado chamado Denyel (um celeste ex-agente de Miguel), e ao se recuperar, passa a ligar os fatos.
A contragosto, os celestes se unem a Denyel para ter uma chance de completar suas missões. Ao lado do exilado, Kaira atravessa o Brasil enfrentando demônios e conhecendo deusas para tentar chegar ao seu destino, recuperar completamente a sua memória e assumir o papel que era dela até dois anos atrás, quando perdeu o rumo na Terra.
[SAIBA+: Ouça o Nerdcast #276 sobre Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida. Não contém spoilers.]
Neste livro, Spohr nos apresenta personagens mais “fracos” que os do seu livro de estreia, e com características bem humanas. Denyel e Kaira, embora sejam anjos, passaram muito tempo na terra e compartilham dos mesmos vícios e hábitos terrenos. E essa proximidade que temos com os personagens torna a obra muito mais fácil e gostosa de ler.
Recriando a história em Filhos do Éden
Este primeiro livro é dividido em quatro partes. A cada parte do livro, o cenário muda. Primeiro conhecemos Santa Helena, daí passamos um bom tempo com Denyel, conhecemos Andira e, por último, temos capítulos super legais com todos os personagens que se juntam para fazer um final intenso.
Embora os diálogos sejam bem extensos, é neles que a gente tem que grudar pra compreender a história. A Kaira é aquela personagem que faz todas as perguntas que nós, leitores, faríamos. A gente se envolve com as batalhas, com as regras e as alianças da mesma forma que ela.
[SAIBA+: Ouça o podcast Descontruindo Filhos do Éden. Contém spoilers da obra.]
Eduardo Spohr recriou a história dos anjos e se valeu de conceitos, crenças e culturas antigas para explicar essa batalha divina. O livro tem aventura, ação, romance e humor (ri bastante com Denyel e Kaira, que brigam direto) e nos dá subsídios para compreender os personagens e torcer ou não por eles.
A Kaira é uma personagem forte, embora apresente alguma insegurança durante este volume. Ela mostra o tempo todo o balanço claro entre ser um anjo e ser uma mulher, e isso tudo me lembrou um pouco a Jean Grey/Fênix Negra (de X-Men), talvez por causa de algumas cenas de batalha ou por conta do poder absurdo que ela tem e da dificuldade em compreendê-lo.
Denyel é incrível. É um sujeito obscuro, com um passado cheio de mistérios e manchas, com hábitos bem terrenos e vícios até vulgares. Gosto de como ele encara as situações e de como ele confunde e domina Kaira em relação aos sentimentos. Como eu disse: ele é bem humano.
Uma das minhas partes favoritas do livro envolveu uma deusa chamada Andira, a Senhora da Noite, uma mulher interessantíssima, sexy e misteriosa. É por causa dela que Herdeiros de Atlântida tem seus segredos revelados, e é por causa dela também que Denyel e Kaira encontram um caminho para cumprir sua missão.
As cenas descritas são fáceis de imaginar, o livro tem feeling pra uma adaptação audiovisual (pra ser sincera, daria uma boa série de TV), e pode ser lido por quem não leu uma página do livro de estreia do Spohr. Quem leu A Batalha do Apocalipse e gostou, vai achar interessante essa história mais focada nos personagens e em suas motivações. Quem não leu, pode mergulhar em Filhos do Éden sem medo de ser feliz.
Sobre apêndices e autógrafos
Obrigada, Eduardo Spohr, por ter colocado como apêndice uma lista interminável de informações interessantes pra gente compreender ainda mais a história no final do livro. Tem lista de personagens (divididos em humanos, deuses, arcanjos, anjos, etc), definição das sete castas angélicas, dos sete céus, a cronologia celeste e até uma linha do tempo bem legal. Outra coisa que não podia faltar é um glossário com vários termos usados (ainda que explicados) na história.
Ah, e queria dizer que minha cidade foi incluída na rota de sessão de autógrafos do lançamento de Filhos do Éden (yaaaaaay!), então fui lá participar de um bate papo super legal sobre a história, e garantir um autógrafo do querido Eduardo Spohr nos meus livros (aliás, eu tava certa de que ia ganhar num sorteio que teve lá, o Edu até chamou meu nome, mas tinha outra Raquel, so sad).
Espero que tenham curtido a resenha. Aconselho vocês a seguirem o Eduardo Spohr no Twitter, porque lá a informação é direto da fonte, né.
Já leu o livro ou se interessou pela história? Deixe um comentário :D
Ficha Técnica
Título: Herdeiros de Atlântida
Série: Filhos do Éden
Autora: Eduardo Spohr
Editora: Verus
Ano: 2011
Gênero: Nacional, Fantasia
Páginas: 473
Post escrito por: Raquel Moritz.
Nunca li nada do Eduardo, mas todos falam super bem dos livros dele, né? Que letra linda, amei o autógrafo!
Beijos
Oi Mônica!
O livro de estreia dele não me agradou muito, mas Filhos do Éden superou todas as minhas expectativas. Estou preparando a resenha do segundo livro, Anjos da Morte, que é ainda melhor. Fiquei feliz de ver mais um autor de sucesso e qualidade no nosso país :)
Letra bonita mesmo né? :)
Beijão!
Oi Raquel!
Somos duas fãs do Nerdcast então! <3
Eu adoro o Spohr, apesar de só ter lido A Batalha do Apocalipse. Gostei muito de como ele desenvolveu o enredo e isso me deu ainda mais vontade de ler Filhos do Éden. O grande problema de eu não ter comprado ainda é que, quando ele veio aqui (e autografou meu livro lindo <3), o livro estava R$40! Poxa, não tava com dinheiro para tanto. :( Mas eu sei que sempre está em promoção no Submarino, então pretendo alterar essa situação LOGO e torcer para que ele venha aqui para eu pegar o meu autógrafo! hahaha
Excelente resenha, de verdade.
Um beijo,
Luara – Estante Vertical
Oi Luara! Lambda, lambda, lambda, lambda nerrrrdddssss! :)
Quando o Spohr veio pra Blumenau, eu não tinha A Batalha do Apocalipse, rsrsrs. Quase que ganhei naquele sorteio ali, mas não rolou. Sobre as promoções, joga o livro no buscapé que você acha um preço bom (ou usa o aplicativo de descontos da Pontofrio, sempre fica um preço legal). É garantido que ele volta pra autografar, já que o terceiro livro deve ser lançado nos próximos meses (oremos!).
Que bom que curtiu a resenha, essa semana ainda sai a do Anjos da Morte (que está incrível). ♥
Beijão! Obrigada pelo comentário e pela visita :)
Tenho vontade de ler Filhos do Éden, apesar de ter me frustrado ~bastante~ com A Batalha do Apocalipse. Sim, não gostei. Não é a primeira vez que leio uma resenha sobre este, mas nunca decidi que “vou começar a ler”, sempre deixo pra comprar depois, ai…
Enfim, gostei daqui. Virei mais vezes! =)
@carlosmagno_ecb
http://cantinadolivro.blogspot.com.br
Oi Carlos,
Nem todas as estreias literárias agradam mesmo, mas a história por trás da produção e lançamento do livro A Batalha do Apocalipse é de arrepiar, e admiro o Eduardo principalmente por essa garra. Em Filhos do Éden ele conserta muitas coisas, é um excelente livro, que me fisgou mesmo. Quando tiver a oportunidade, leia. E daí me conta, tá? :)
Abraços, obrigada pela visita! :)))
Oi Quel!!
Diferente de você, eu nunca tive curiosidade em ler os livros do Spohr! Acho que vi tantas resenhas divergentes que fiquei com medo de arriscar. Outro motivo é que não é um gênero literário que eu curta tanto. Quando tem muitos nomes e mundos diferentes fico irritada demais.
Lendo a resenha me lembrei um pouco do livro “Anjos: a face do mal” do Nelson e não gostei (ainda bem que o escritor é super compreensivo, ufa!).
Mas pra quem é fã, fica a dica!
Beijos!
Deixa eu te contar, Jeh: eu demorei muito tempo para ler Filhos do Éden pelos mesmos motivos. Eu me assustava com esses termos, hashmalin, ofanin, querubim, etc, etc. Mas ele explica tão direitinho que você capta e se envolve na história. Mas compreendo teu receio, porque eu mesmo o tive. Com isso, não quero dizer que só porque gostei todo mundo vai gostar, mas me surpreendeu e pode surpreender outras pessoas também. Mas faz parte né, tem gêneros que não capturam a gente não, hehehe.
Esse livro que você comentou eu não li não, vou procurar me informar. :)
Obrigada pela visitinha e pelo comentário, flor! :*
Você tem autografado. Não creio meu PAI DO CEU!
Eu gosto muito do Eduardo Spohr. Resenhei os três livros dele no Youtube
Só procurar por InvasãoBooks lá.
HAAHAHAHA, pois é Mariana, dei sorte que ele veio a Blumenau, aqui no interior de Santa Catarina.
Vou dar uma olhada nessas resenhas em vídeo que você comentou (adoro!).
Super beijo, obrigada pela visita :}
Já li coisas muito boas e coisas muito ruins sobre os livros do Eduardo, principalmente no quesito contextualização. Porém, ler resenhas me faz ficar com vontadinha de ler !
Eu ganhei há alguns anos atrás do Batalha do Apocalipse, mas ainda não peguei pra ler. Será melhor começar por essa saga, ao invés de ler Batalha? O que me indica?
Eu adorei seu cuturno da foto *—*. As fotos, no geral, são mto legais!
Olha Ju, A Batalha do Apocalipse dá muitas explicações sobre esse mundo que o Eduardo criou, mas não precisa ler o livro não (pra ser sincera, não curti muito). Pode partir direto pra Filhos do Éden #1, lá tem excelentes explicações e uma história beeem bacana. Meu favorito da série ainda é Anjos da Morte (que também pode ser lido separadamente, mas vamos com calma, rsrs).
Que bom que curtiu as fotos! Volte sempre, hein ;)
Bjs