Introdução a Um estranho numa terra estranha, por Neil Gaiman

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O universo da ficção científica na literatura é repleto de nomes marcantes que contribuíram constantemente para a solidificação do nicho. Arthur C. Clarke, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Ursula K. Leguin são nomes que todo mundo lembra – e, entre essas personalidades, temos Robert A. Heinlein.

A Editora Aleph vem cuidando de alguns títulos do autor com muito esmero e lançou em março uma de suas obras mais importantes, Um Estranho numa Terra Estranha.

Neil Gaiman escreveu uma introdução especial para este livro e, como fã dele que sou, a Editora Aleph cedeu esse material para compartilhar aqui com vocês. Tire uns minutinhos do seu tempo para entrar no clima do livro e não esqueça de comprar a sua edição na Amazon.

INTRODUÇÃO A UM ESTRANHO
NUMA TERRA ESTRANHA

por Neil Gaiman

Um Estranho numa Terra Estranha é considerado, e costuma ser descrito dessa forma, o arquétipo de um romance de ficção científica dos anos 1960. Afinal de contas, ele não foi de fato uma parte essencial da contracultura da época? Não contém filosofias e modos de vida que as pessoas tentaram incorporar no cotidiano? Não ajudou a criar a onda do pensamento e do amor livres? Bem, sim. Mas suas atitudes, e a época do texto, estão solidamente enraizadas nos anos 1950.

Quando escreveu o Estranho, Robert A. Heinlein era o mais importante autor dos “juvenis de FC”, livros de ficção científica voltados para jovens leitores, nos Estados Unidos (os marcianos e o planeta Marte de Estranho tiveram sua origem, na verdade, em um livro juvenil de 1949, chamado O planeta vermelho). Heinlein queria escrever um romance que fosse “adulto”, e que faria dele muito mais do que um autor de livros juvenis. Então decidiu mirar em questões que teria sido impossível tratar em romances para jovens leitores: seus alvos seriam o monoteísmo e a monogamia.

Valentine Michael Smith, o herói de Estranho, é como o Mogli de Kipling, mas foi criado não por lobos e outros animais da floresta, e sim por “Anciãos” marcianos. Smith vê as coisas como um marciano as veria, compreende os eventos como um marciano o faria. Ele precisa aprender o que é ser humano e, como os marcianos lhe dão habilidades e poderes muito além da norma dos terráqueos, precisa aprender o que significa ser mais do que humano.

O mundo de Estranho é fundamentalmente o dos anos 1950. Claro, contraceptivos orais — “as pastilhas malthusianas” — existem, mas são panaceia de charlatões. Táxis voam sem motoristas, jornais são lidos em telas nas quais o texto flui, e a televisão é 3D, mas esse é um mundo de megaigrejas e atrações de circo, em que as relações sociais entre homens e mulheres são as mesmas de muito tempo atrás. (Mas, diabos, essas relações podem até mesmo voltar a valer. A história se repete, e o mesmo acontece com as atitudes sociais.)

Publicado em 1961, o livro, assim como as filosofias e atitudes nele presentes, causaram um efeito imenso nos anos 1960. Estranho alimentou a contracultura. As pessoas tentaram levar a cabo os preceitos de Heinlein, com resultados variados. (As afirmações de que esse livro inspirou a família Manson parecem totalmente infundadas, mas ele com certeza inspirou algumas comunas e, no mínimo, uma igreja.)

A versão original de Heinlein tinha 60 mil palavras a mais. Para ser publicado, o autor teve que cortar muita coisa, e o que acabou extirpando foram personagens e notas em geral ornamentais, além de algum material potencialmente polêmico, fazendo que esse fosse mais claramente um romance de ideias — mais precisamente, e na maior parte do livro, um romance dialógico, ou mesmo de diálogos socráticos. Duas pessoas conversam, e ao fim uma delas se torna esclarecida. (Frequentemente, a parte sábia do diálogo é o autor idoso e mal-humorado Jubal Harshaw.)

O aparato pode ser de ficção científica, mas, em seu cerne, Estranho é uma fantasia sobrenatural. É uma comédia de redenção que deve muito às comédias obscenas de James Branch Cabell, bem como ao editor John W. Campbell, da Astounding Science Fiction.

O livro foi um “best-seller alternativo”. E Heinlein alcançou seu objetivo: escreveu uma obra que conseguiu questionar o status quo, contribuindo para mudá-lo, e que ajudou a estabelecê-lo como um dos escritores mais respeitados de FC de sua época.

FICHA TÉCNICA

Título: Um Estranho numa Terra Estranha
Autor: Robert A. Heinlein
Editora: Aleph
Gênero: Ficção Científica
Características: 576 páginas, 898 gramas
Dimensões: 23 x 15,6 x 3,2 cm
ISBN-13: 978-8576573043
Adicione: SkoobGoodreads
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