O lado cult(uado) de “As Virgens Suicidas”

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Sempre me interessei por livros com personagens suicidas. Tanto os que realmente tiram suas vidas e viram algo a ser explorado em detalhes na trama (como Os 13 Porquês), quanto os que acreditam que esta é uma saída, e estão caminhando pra lá (como o excelente It’s Kind of a Funny Story). É interessante ver a perspectiva de alguém que pensa em encurtar sua passagem na terra. Como se os personagens estivessem se afogando aos poucos, enquanto todos ao seu redor ainda respiram normalmente.

As Virgens Suicidas (adicione ao Skoob) é narrado por vários garotos do subúrbio que conviveram com a família Lisbon em um determinado período. Eles ficaram obcecados com tudo relacionado à vida de cinco meninas: Cecilia (13 anos), Lux (14), Bonnie (15), Mary (16) e Therese (17), após a despedida trágica da mais nova, que se lança do segundo andar da casa em cima da cerca branca (uma forma de “sujar” algo que sempre associamos à felicidade). Essa é a história que abre o livro, um ponto de partida para a mudança da atmosfera ao redor dos garotas. Desde o início sabemos que a narrativa terminará em morte, então os meninos nos revelam tudo o que sabem delas, nos ajudam a montar um quebra-cabeça com seus depoimentos detalhados e obsessivos. Esse clima de que somos impotentes para mudar o que quer que venha pela frente assola o leitor desde o início.

Mesmo assim, em termos de conexão com personagem, As Virgens Suicidas falhou comigo. Lux é a única garota que traz alguma faísca para a história. Alguns dos trechos mais legais são relacionados ao seu aparente desequilíbrio e sua forma de (tentar) atingir a liberdade fazendo sexo com todo e qualquer homem que consiga subir no telhado de sua casa. Uma forma de afastar o tédio e fugir da opressão dentro de casa.

De toda a experiência, a forma como os meninos lidavam com a dificuldade de acessar o território das garotas era o que mais me incomodava: eles compravam as mesmas revistas de viagens que as Libon para poder saber para onde elas queriam ir, tentavam adivinhar cada vinil de rock que escutavam em casa antes da mãe pedir para elas queimarem, e pensavam nelas durante o sexo com suas esposas mesmo anos depois dos suicídios (!). Um “e se?” que fica sem resposta para sempre.

A adaptação de Sofia Coppola

As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides, 1999) foi produzido por Francis Ford Coppola e dirigido pela sobrinha, Sofia Coppola (ela dispensa apresentações, mas dirigiu também Bling Ring). O filme é fiel aos eventos do livro, mas sofre com um problema comum: não transporta o clima passado pelos narradores do livro (em primeira pessoa) para o visual. E Sofia Coppola, vocês sabem, os filmes dela tem toda uma carinha modernete que cativa o público que ela tem.

Alguém aí já leu o livro e quer compartilhar uma visão diferente? Pode ser que eu tenha lido no momento errado, ou pode ser que existam livros muito melhores com essa temática (citei dois no começo do texto só para ilustrar). Quero a opinião de vocês. :)

As Virgens Suicidas foi cedido pela Companhia das Letras ao Pipoca Musical por conta da parceria. Acompanhe as novidades da editora nos canais: Site | Facebook | Twitter | Instagram

Ficha Técnica

Título: As Virgens Suicidas
Auto: Jeffrey Eugenides
Ano: 2013 (original: 1993)
Páginas: 232
Editora: Companhia das Letras
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