Cada um de nós viveu (ou vive, não sei a sua idade!) a adolescência de uma forma diferente, em contextos distintos, com muita ou pouca gente ao redor, com a opção de inúmeros estilos de vida e preferências musicais e assim por diante. Mas uma coisa que eu posso garantir (ok, quase) é que todos passaram por dois efeitos colaterais, independentemente da duração: tédio e insatisfação. Acertei?
Para a jornalista inglesa Lynn Barber foi assim. Ela compartilhou suas memórias no livro “Uma Outra Educação”, o qual originou o filme tema do post e que teve seu roteiro adaptado por nada mais, nada menos, do que Nick Hornby. Ambientado na Londres da década de 1960, conta a história de Jenny, 16 anos, muito inteligente e dedicada aos estudos e com uma trajetória já toda traçada pelo pai: ser estudante da Universidade de Oxford.
Apesar do futuro brilhante batendo à sua porta, Jenny queria mais da vida no presente. Carregava a típica insatisfação e tédio que sentimos quando sabemos que ainda há muito a ser descoberto e conhecido no mundo, mas não podemos fazê-lo por sermos jovens demais e termos “responsabilidades”. Insatisfação e tédio, esses, que foram devidamente esquecidos quando conheceu David (Peter Sarsgaard), um cara mais velho e experiente disposto a mostrar-lhe as coisas boas (e más) que a vida poderia oferecer.
Não é preciso contar mais da história (foram os 15 minutos iniciais, eu juro) pra imaginar onde ela vai parar, não é? Ela é de fato previsível e bem pouco inédita. Apesar disso, os demais elementos do filme compensam essa fraqueza: os diálogos são perspicazes, a atmosfera dos anos 60 é das mais charmosas que este mundo já viu e as atuações são excelentes. Prova disso são as três indicações ao Oscar que levou, nas categorias de melhor filme, melhor atriz (Carey Mulligan, a Jenny) e melhor roteiro adaptado – isto é, se ainda podemos dar algum crédito às indicações do Oscar dos últimos tempos, é em exemplos como este.
Educação é um filme delicado e divertido. Muitos o acusaram de moralista, mas acredito que, mais do que querer ensinar lições ou “certos” e “errados”, o filme quer contar uma história que aconteceu há 50 anos. Apenas isso. Houve muita polêmica e questionamento do seu mérito, e confesso que isso me dá certa preguiça: o importante mesmo é desfrutá-lo e rememorar (ou se identificar com) o processo de autodescoberta e alargamento de horizontes que invariavelmente vem junto com a adolescência – acompanhados do tédio e da insatisfação. É uma fase importante e bonita (cof) da vida, independentemente do desfecho que escolhemos para ela.
Ficha técnica
Título: An Education (Educação)
Diretor: Lone Scherfig
Ano: 2009
Gênero: Drama
Duração: 100 minutos