Cartas de Amor aos Mortos: desabafando com quem não está aqui,

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Se você tivesse que escrever uma carta para uma pessoa que já faleceu, para quem você escreveria?

Laurel recebeu essa atividade na aula de inglês. A professora provavelmente esperava que os alunos escrevessem para presidentes, ou coisa do tipo, mas a adolescente resolveu escrever para seus ídolos. Cartas de Amor aos Mortos (adicione ao Skoob) é um livro que reúne todas as cartas de Laurel para Kurt Cobain, Amy Winehouse, Judy Garland, E. E. Cummings, Heath Ledger… Ela não está falando conosco, somos apenas intrusos em seu diário.

Bom, era uma tarefa, mas Laurel não consegue entregar as cartas para a professora, elas são pessoais demais. Não é com um presidente que a garota poderia se abrir. Mas Kurt a entenderia. Allan Lane a entenderia. Judy com certeza teria uma palavra para ela, se pudesse lhe responder.

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Laurel é filha de pais separados e até um tempo atrás ela tinha uma irmã poucos anos mais velha. May. A cola que unia a família, a luz da casa, o sol da vida de Laurel. A menina perfeita que fazia de tudo para ver a irmãzinha feliz, e ainda arranjava tempo para curtir a adolescência. Até que um dia tudo se quebrou. May morreu, e Laurel não consegue perdoar a irmã por deixá-la, mesmo que não aceite nenhuma opinião adversa sobre a personalidade dela (você sabe, e eu também sei, as pessoas não são perfeitas, mas ela ainda está aprendendo isso).

Em uma fase complexa como a adolescência, Laurel precisa de segurança, e a encontra nas coisas de May. Ela se veste como May. Tenta ouvir as músicas que May ouvia. Tenta tocar a sua vida sempre segurando na barra do vestido da irmã mais velha.

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No colégio ela conhece Natalie e Hannah, duas garotas que a aceitam em seu grupo, e também conhece Sky, um rapaz que faz com que o ar ao seu redor simplesmente suma quando o vê. Ela se apaixona. Ela pede o carinho dos outros, mas não consegue se abrir ou ajudar quem está ao seu redor. Não tem ninguém que saiba da morte de sua irmã no novo colégio, e se depender de Laurel, continuará sendo assim.

Ela não precisa de pena.

Mas ela precisa se abrir, e são seus ídolos que a escutam e conversam com ela, através do legado que deixaram. As músicas, os livros, os poemas, os filmes, a história de suas vidas, tudo parece contribuir para que Laurel, aos poucos, vá se soltando e comece a se aceitar e aceitar a perda da irmã.

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Cartas de Amor aos Mortos me lembrou bastante As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky por conta das cartas que constroem a história, e pela personalidade introspectiva da protagonista, que achou uma forma de expressar após a ajuda de uma professora. Não sinto que conheci May o suficiente, ou mesmo Hannah, Natalie e Sky. Mas conheci Laurel, e lamento pelo que ela passou.

Gostei de ver o desenvolvimento dela e das pessoas ao seu redor (queria mais, mas é Laurel que narra a história e ela estava meio ocupada com seus próprios fantasmas). Especialmente de Natalie e Hannah, que são loucas uma pela outra, mas tem medo de assumir um romance na frente de todos. Também tem o pai de Laurel que não sabe bem como ajudar a filha a passar por isso; a mãe ausente que fugiu de tudo; a tia religiosa que aperta o cerco; e Sky, que só veio para somar. E curti muito o ponto de virada da história, ainda que o desfecho em si tenha sido comedido e, até certo ponto, previsível. Mas o que mais incomodou foi a superficialidade com que o final foi escrito, considerando tudo que ocorre. Mesmo assim, é um livro que agrada (e vicia: virei a noite lendo).

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A dor que Lauren enfrenta também me fez lembrar de Passarinha, da Kathryn Erskine, pela forma como a morte afeta a família toda, especialmente uma criança. E Laurie Halse Anderson, autora de Fale!, aprovou o livro por contar uma história corajosa sobre alguém que continua vivendo depois que vê o mundo desmoronar.

Aliás, vale dizer que Stephen Chbosky foi o “padrinho” de Ava Dellaira na concepção desse livro. Depois de se graduar, Ava mudou-se ppara Los Angeles para trabalhar como roteirista e acabou conhecendo Stephen. Quando ela entregou a ele algumas páginas das coisas que escrevia, ele disse: “Acho que você deveria escrever um livro”. Na mesma noite ela começou a escrever o livro do qual estamos falando hoje. :)

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As músicas de May e Laurel

A música está presente em Cartas de Amor aos Mortos não apenas nos pôsteres do quarto de May ou nas personalidades para quem Laurel escreve, mas em forma de canções que marcaram momentos e viraram história para as duas. A autora disponibilizou uma playlist no Spotify (<3) com todas as músicas mencionadas ao longo das 344 páginas. Dá o play aí :)

Espero que tenham gostado dos comentários e que aproveitem a leitura de Cartas de Amor aos Mortos quando ele chegar às livrarias. O livro será lançado no começo de julho através do selo Seguinte da editora Companhia das Letras.

Ah, e mantenho minha pergunta do começo do post: se você tivesse que escrever uma carta para uma pessoa que já faleceu, para quem você escreveria?

Cartas de Amor aos Mortos foi cedido pela Editora Seguinte ao Pipoca Musical por conta da parceria. Acompanhe as novidades da editora nos canais:
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Ficha Técnica

Título: Cartas de Amor aos Mortos
Autora: Ava Dellaira (@avadellaira)
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Gênero: Young Adult
Páginas: 344
Skoob: adicione à sua estante
Compre: Submarino | Americanas

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Comentários

Comentários do Facebook

44 comentários via blog

  1. Rayanne Silva comentou em

    Já querooooooooooooo

  2. Julia Aroso comentou em

    Que livro incrivel, adorei as fotos e sua resenha. Quem diria que um livro de estréia seria assim surpreendente? Me pergunto o que aconteceu com a irmã dela…….

    1. Pois é, essa parte é segredo. Mas vale a pena ler pra saber ^^. Bjs!

  3. Poxa, pra quem eu escreveria?? Não diria John Lennon.. Mas talvez Steve Jobs (não sou applefag..só admiradora)… Ou talvez sei lá.. Desisto. Hahaha

    Mas gostei da vibe do livro.. Vou procurar pra mim.. Ou se quiser.. Agosto ta ai e eu quero presentes.. Hahaha

    Abraço..

    1. John Lennon! Seria interessante, hein? E o Jobs não sei se leria nossas cartas :( Mas valeria tentar. Hehehehe

      O livro é bacanudo, gostei da história e do “clima” dele, mais sombrio que a maioria dessa categoria.

      Bjs ;)

  4. Mary Bastos comentou em

    Olhei a playlist por cima e já gostei. Acho que parece melhor que as vantagens por ter mais haver com música.

    A May parece maravilhosa fiquei curiosissima pra ler. Beijos.

    1. As músicas ajudam a entender um pouco o contexto da situação. Em “As Vantagens de Ser Invisível” o Charlie era mais chegado em livros, né, rsrs. Bjs

  5. Vc escreveria pro tolkien? Que legal! Eu acho que mandaria uma carta para Shakespeare. Parece um exercicio legal. Abs

    1. Tolkien era um cara legal. E criativo. Acho que daria um bom papo. :P

      Voa escolha a sua. ;) Abraço!

  6. Acho que se pudesse escrever uma carta a alguém falecido, não seria tão criativo e com pensamento grande.

    As primeiras pessoas que me vieram na cabeça seriam meus avós paternos. O meu vô foi uma pessoa muito importante pra mim, e não cheguei a conheçer a minha avó, então acho que seria bom poder ter mais uma conversa com eles, ao menos uma vez… :)

    1. Também diria um oi pro meu avô :’)

      No caso da Laurel, não é “só” a família. Kurt tinha dificuldades que Laurel tbm teve. Fazia sentido pra ela :))))

      Bjs

  7. Renata comentou em

    Achei o título bastante sugestivo kkkkkk

  8. *-* Você mencionou livros como Passarinha e Fale! (este eu nao li ainda, mas o tema me interessa muito) para uma analogia com esse livro e juntando a ‘pegada’ do livro, me deu vontade de ter ele comigo e dormir abraçada com ele S2. (#partiuouvirsetlist)

    1. Haheuahehuaeuhe “dormir abraçada com ele”. Eu fiz quase isso, virando a noite pra terminar a leitura :P

      Espero que goste!!! \o/

      Beijoca :*** ♥

  9. Carol Vieira comentou em

    Raquelzinha que máximo esse livro! Eu SUPER escreveria para o John (Lennon), para o George (Harrison) e para a Agatha (Christie) só para avisar que o mundo sente falta deles! AMEI a ideia da autora! :D Parabéns amiga, tudo lindo como sempre!

    1. Hehehe, Carolzinha sendo fofa ♥ Ideia boa, né? Achei o formato bem bacana, e rápido de ler. Cada carta um pedaço da vida dela. Se quiser ler, empresto pra ti :}

      Beijoca ♥

  10. Simplesmente adorei o livro através da sua resenha. Ele parece ser muito parecido com As Vantagens de Ser Invisível, porém este tem um foco maior em músicas, quando o Charles já adorava os livros. Estou errada?
    Mesmo assim, acho que é difícil tentar pensar em uma pessoa que poderíamos escrever uma carta, que não está mais aqui. Mas acho que existem várias que nos influenciaram, tanto pessoas perto como família e amigos, quando artistas que já não estão aqui para prestigiarmos seu trabalho.
    Resenha maravilhosa, parabéns!

    Beijos!
    Amor em Ler

    1. Oi querida, tudo bem?

      As músicas fazem parte da vida da Laurel, assim como os livros da vida de Charlie, sim, mas acho que o foco não é nem tanto as músicas, mas quem as escreveu ou cantou, quem transformou as palavras em uma mensagem. :D

      Que bom que você gostou da resenha, fico contente :’)

      Beeeijo!

  11. Marina Sartori comentou em

    GENTE ESSAS FOTOS <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3

  12. Andressa Araújo comentou em

    Já estava louca por esse livro e agora tô mais ainda!
    Adorei As Vantagens de Ser Invisível e já que a pegada é um pouco parecida, tenho certeza que vou amar muito. Já estou super curiosa pra saber o que aconteceu com a irmã dela.
    E essa playlist é. <3
    Adorei a resenha, Raquel! Bjs ;*

    1. Oi Andressa,

      Se você gostou do livro do Chbosky, também tenho certeza que vai amar esse aqui! A playlist é maneira, né? E ela vai citando trechos ao longo da história, e falando com cada um dos artistas… É muito legal :)

      Beeeeijo, obrigada pela visita e pelo comentário \o/

  13. RAQUEL, ah, oi!
    QUE HISTÓRIA! Logo que vi essa capa, fiquei curioso pelo livro. Ela ficou muito linda <3
    Assim que li a sinopse me veio a cabeça "Passarinha". Como você disse, parece ter a mesma linha de pensamento, em não aceitar os fatos. Acho isso incrível. E também, a ideia envolva da trama parece bem interessante, por que, olha, me ganhou com a ideia das cartas para os famosos. Mesmo eu, não tendo a mínima ideia para quem escreveria.

    A resenha ficou incrível, melhor dizendo. E, sim, eu pretendo comprar o livro. Já que lança em Julho, vamos procurar alguém para me dar. HUHEUHEUHEUEHEUHEUEHU

    Beijo, Quel/Pipocá.

    #ItaloisBack

    1. OLHA QUEM APARECEU OI ITALO TUDO BEM????? ♥

      HAUEHaueuEA, ALEGRIAS dessa vida: pegar no seu pé. :P Mas então, que bom que curtiu a proposta do livro, acho que você vai gostar. Eu achei genial essa coisa de cartas pra famosos, vez ou outra algum autor faz algo diferente. E a história é bacana, espero que goste. :))))

      Já sai colando a capa do livro pela casa, quem sabe percebem que tu queres ler ele, ahhahahaa.

      BEIJO! :D

  14. Ana comentou em

    Eu trocaria cartas com o Salinger, tanto para perguntar qual é o problema com o cinema ( ok eu sei qual é o problema com o cinema. Eu entendi que é meio que uma crítica ao fato da mídia em geral acabar com a inocência é o Holden é totalmente OBCECADO pela ideia de inocência) também diria a ele que o apanhador no campo de centeio poderia ter um pouquinho menos de gírias repetitivas. Mas também acho que o Salinger conseguiu compreender a adolescência com ela é muito antes da maior parte do adolescentes. Afinal, o livro foi lançado em 1950 e alguma coisa! Ah, se o Morrisey estivesse morto eu mandaria uma carta para ele. As músicas que ele escreveu são do tipo que todo mundo se identifica um dia. Todo mundo leva um pé na bunda e se tranca no quarto ouvindo Smiths um dia!

    1. Hahahahahaha, comentários relevantes pro Sallinger e pro Morrissey. :P

  15. Ju comentou em

    Amei a resenha! Vi que você me marcou no instagram pra ler e eu fiquei muito feliz, enfim hahaha. Amei a resenha e me interessei muito pelo livro, desde quando saiu pra pré-venda eu tô com o site aberto esperando pra comprar, acho que passou da hora, assim garanto que ele venha pra mim mais cedo hahaha, eu nunca conseguirei me livrar dos hábitos de comprar livros e de me apaixonar por eles. A história deve ser muito bonita num todo e, por ser contada em cartas para pessoas que você não conheceu, mas que ama mesmo assim, ah, isso é muito bonito e acredito que seja de uma ajuda imensa. Isso me lembra um trecho de uma música “I’m never gonna know you now, but I’m gonna love you anyhow” que é do meu cantor favorito, Elliott Smith, e seria o destinatário das minhas cartas, hahaha. Eu quero muito ler pra saber o que dizer melhor, mas sempre que eu via em blogs estrangeiros esse livro, eu ficava doida pra ler, fiquei muito feliz com o lançamento aqui no Brasil. Tô muito ansiosa pra ler!
    Beijo!

    1. Ai, Ju, que comentário mais bonito, fiquei emocionada. Vc pegou bem a vibe do livro, imagino que vá adorar ler a história da Laurel e da May. Espero muito que goste. <3

      E oooh, quero ver logo esse livro nas prateleiras da galera. @_@

      Beijão! ;*

  16. Shadai comentou em

    Escreveria para o Layne staley ex-vocalista do Alice in Chains, banda do qual sou muito fã, e que morreu de overdose em 2002.

  17. Post com seleção de músicas no final é tudo de bom! Fiquei pensativa e cheguei à conclusão que se escrevesse uma carta para alguém que já se foi, seria para minha avó. Achei estranho ela escolher os ídolos para serem os destinatários, mas cada um tem sua forma de desabafar.

    1. A maior perda dela foi a irmã, e os ídolos todos tinham algo em comum com ela ou com a irmã, acho que foi por isso que ela escolheu “falar” com eles. Engraçado como as coisas são, né? :) Boa escolha a sua, eu provavelmente mandaria algo pro meu avô também, hehe.

      Beijo!

  18. Eu preciso desse livro, quando vi a capa me apaixonei ai li a sinopse e fiquei mais interessada ainda.
    Depois de ler essa resenha eu sinto que esse livro pode se tornar um dos meus favoritos.

    <3
    http://www.garotaagridoce.com

    1. O livro é de uma delicadeza singular, gostei bastante. Espero que você também aproveite <3

      Beijo!!!

  19. Diego comentou em

    Fico encantado com posts de livros com uma trilha sonora pra acompanhar a leitura. Acho tão dinâmico! :D

    E essa história? Que incrível essa ideia de mandar cartas aos mortos. Mas uma pena o desfecho ser previsível :~ espero que pelo menos o restante da leitura tenha sido bom :}

    E ah, como ultimamente estou num mundo de príncipes e rainhas, eu enviaria uma cara para Princesa Daiana. Quem mulher incrível!!

    Beijos, xuxuuuuu <33333333

    1. Lady Di linda <3 Tem um episódio de Gossip Girl inspirado na história dela sabia?

      O livro é bacana sim, a única coisa que me incomodou foi a superficialidade em alguns temas. Tenso. Hehehehe

      Beijo! ;*

  20. Laura comentou em

    Estou terminando de ler esse livro maravilhoso. É uma leitura leve mas viciante! Ao longo do leitura Laurel vai deixando pistas do que acontece com a sua irmã! Amei o livro principalmente pelo gosto musical dos personagens que é muito parecido com o meu! Gostaria de acrescentar que faltou uma musica que é dita no livro e eu senti falta, Lithium do Nirvana!

    1. Mesmo com as pistas dela, é difícil adivinhar o motivo por trás da morte dela. Essa caminhada até a explicação é muito bacana. Espero que você goste do final. Quanto à playlist, peguei a oficial do website da autora, estranho ela não ter inserido. Beijos :)

  21. Tem alguma dúvida de que eu escreveria para Dante Alighieri? <3
    Acho que sua resenha ficou maravilhosa e nem tenho palavras pra falar o quanto esse livro me deu tapas na cara e mexeu muito com alguns sentimentos.

    1. Tapa na cara é uma boa expressão, aliás. Nham, tenho certeza que seria uma bela carta para Dante. :***

  22. Ka comentou em

    falto varias das musicas da Janis Joplin :(