Her, de Spike Jonze

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O roteiro de Spike Jonze descreve nada mais do que uma crítica apaixonante sobre a sociedade e sua relação com a tecnologia e, por que não, da necessidade e dependência que temos em sempre estar conectados ao mundo virtual.

Theodore (Joaquin Phoenix) é um escritor, recém divorciado, em uma empresa que remete cartas no lugar de pessoas que têm dificuldades para expressar seus sentimentos. São cartas sinceras, de amor, e revelam no protagonista uma personalidade delicada e introvertida. Solitário, Theodore decide instalar um novo sistema operacional em seus gadgets, tendo dessa forma seu primeiro contato com Samantha (Scarlett Johansson) e a sua inteligência artificial, que evolui a cada momento e conforme o diálogo entre os dois, cada vez mais íntimo e pessoal.

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Theodore: Sometimes I think I have felt everything I’m ever gonna feel. And from here on out, I’m not gonna feel anything new. Just lesser versions of what I’ve already felt.

É inevitável que, tendo uma personalidade feminina e atrativa, Theodore acabe se apaixonando pelo OS. Dessa forma, o filme revela, através de diálogos intensos e perguntas em aberto, uma das claras características humanas: a de deixar se levar por interações de afinidades e empatia. No filme, nos envolvemos com um avatar virtual, e lidamos apenas com um reflexo, sem rosto, de toda a necessidade do que queremos ouvir ou sentir.

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Amy: I think anybody who falls in love is a freak. It’s a crazy thing to do. It’s kind of like a form of socially acceptable insanity.

“Her” – vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original – é uma produção envolvente e cativante, com uma direção de fotografia magnífica e uma trilha sonora impecável composta pelo grupo canadense Arcade Fire e Karen O, vocalista da banda americana Yeah Yeah Yeahs, com sua canção indicada ao Oscar, “The Moon Song”.

Jonze vs. Coppola

Quando publiquei essa resenha no Letterboxd, levantamos nos comentários a especulação sobre as semelhanças entre “Her” e “Lost in Translation” (Encontros e Desencontros, 2003), de Sofia Coppola. Os diretores foram casados e tiveram um relação conturbada até o divórcio, em 2003. O filme de Spike Jonze poderia ser uma reposta à Sofia Coppola, onde o diretor estaria atribuindo sua visão quanto à conturbada situação do casamento naquela época.

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Há rumores de que John – personagem interpretado por Giovanni Ribisi em “Lost in Translation” – seja baseado em Spike Jonze, no entanto a diretora nega a hipótese. “Não é o Spike”, insiste Coppola. “Mas há elementos dele ali, elementos de experiências. Há elementos de mim em todos os personagens”.

Podemos observar outras semelhanças entre os filmes:

  • A maioria das filmagens, nas duas produções, são realizadas em cidades do Oriente: “Lost in Translation”, em Tokyo, e “Her”, em Shangai.
  • Scarlett Johanssen atua nos dois filmes: Charlotte, em “Lost in Translation” e Samantha, em “Her”. Apesar do affair com os personagens, não mantém relações sexuais com eles.
  • John e Charlotte, em “Lost in Translation”, e Theodore, em “Her”, são casados, mas por razões distintas estão separados de seus parceiros.

Quem tiver mais interesse sobre a relação dos dois filmes, pode conferir um artigo bem bacana que achei no The Huffingston Post (em inglês) chamado “Her, In Translation“. Recomendo a leitura.

Curiosidade Geek: Samantha é o nome de uma configuração de texto-para-fala nos computadores Macintosh, que se assemelha à voz do Siri, assistente virtual da Apple para o iPhone.

Ficha Técnica

Título: Ela (Her)
Diretor: Spike Jonze
Ano: 2013
Gênero: Drama
Duração: 126 minutos

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Comentários

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16 comentários via blog

  1. Isabela comentou em

    Oi César, tudo bem?
    Olha, realmente a crítica do filme é muito interessante. Sem dúvida ele se tornou um dos meus queridinhos do ano…

    Eu não sabia dessa comparação com Encontros e Desencontros, e como nunca vi esse filme, não posso opinar. Mas uma coisa é certa: com certeza vou assistir! Rsrsrs…

    Bjs, Isabela.

    1. César Paladini comentou em

      Oi, Isabela.

      O filme é muito bacana mesmo e uma ótima surpresa depois de “Quero Ser John Malkovich”, do curta “I’m Here” e de “Onde Vivem os Monstros”. Três super dicas para conhecer o trabalho do diretor.

      Se chegar a assistir “Encontros e Desencontros”, com o mestre Bill Murray, conta pra gente o que achou.

      Abraço!

  2. Juliana comentou em

    Gente, estou apaixonada! Preciso assistir esse filme pra ontem (já tem um tempinho que estou dizendo isso haha). Amei as comparações entre os dois filmes, acho até que são MUITAS para se dizer que é mera coincidência né? rs.
    Joaquin Phoenix é um dos meus atores queridinhos, acho ele uma graça! <3
    As fotos escolhidas para este resenha estão LINDAS! Parabéns. Fiquei com mais vontade ainda de assistir! *-*
    Ps.: Que música linda, aiai.

    Beijão.
    Ju
    http://www.nuvemliteraria.com

    1. César Paladini comentou em

      Oi, Juliana!

      Joaquin Phoenix é uma figura mesmo, né? Gosto muito dos trabalhos desse cara e a atuação dele é sempre uma surpresa.

      Vale muito a pena assistir o filme. Até mesmo aconselho a assistir no cinema, pois a fotografia dele é ótima e merece ser vista em um telão. E claro, sem contar a música tema do filme, que embala a gente nesse grande roteiro do Spike Jonze.

      Abraço!

  3. César Paladini comentou em

    Oi, Juliana!

    Joaquin Phoenix é uma figura mesmo, né? Gosto muito dos trabalhos desse cara e a atuação dele é sempre uma surpresa.

    Vale muito a pena assistir o filme. Até mesmo aconselho a assistir no cinema, pois a fotografia dele é ótima e merece ser vista em um telão. E claro, sem contar a música tema do filme, que embala a gente nesse grande roteiro do Spike Jonze.

    Abraço!

  4. Oi Cesinha,

    Muito bom ver você por aqui :) Ainda mais com um filme tão legal. Adorei a fotografia dele, dá vontade de abraçar a tela e não soltar mais. ♥

    E adorei a curiosidade geek! Vou lá conversar com a Siri mais um pouco. :}

    Beijo ♥

    1. César Paladini comentou em

      – Siri, are you Her?
      – No. In my opinion, she gives artificial intelligence a bad name.

      (L)

  5. Juliet comentou em

    Só sei que eu já ficaria grata na vida se pudesse ter a voz da Scarllet só pra mim …
    hahahhaha

    Brincadeiras a parte, o filme é muito legal, ele vai além da situação em que todo mundo uma vez já se encaixou nessa vida de interwebs: a de ter um amigo virtual.
    É sobre relacionamento, sobre aprendizado….

    E de um jeito (no meu ver) leve de se ver nas telonas.

    Vai vir pra minha coleção quando chegar em DVD. Certeza.

    1. César Paladini comentou em

      E que voz, hein, Juliet?! :)

      Também tive essa percepção de amizades e namoros virtuais à distância. A gente, que foi bem participativa no início dessas salas de bate-papo, mIRC e ICQ, sabe muito bem como eram essas coisas. O filme retrata muito bem essa questão da interação da sociedade com relacionamentos virtuais. Spike Jonze consegue transmitir isso muito bem em “Her” e no curta “I’m Here”, de 2010.

      E sim, esse filme também vai pra minha devedêoteca quando lançarem em DVD!

  6. Estou curiosa para ver esse filme. Fiquei encantada com a trilha sonora! :)
    Adorei!

    1. César Paladini comentou em

      Oi, Dani!

      A trilha sonora é ótima mesmo, né? Assista que você não irá se arrepender.
      E depois conta pra gente o que achou :)

  7. Muito legal a resenha, traz várias informações que desconhecia a respeito do filme.

    Vi ele atrasadíssimo, ontem, mas vi. E tenho que dizer que o Spike Jonze, talvez junto com o Edgar Wright, e o Scorcese, está na lista dos meus diretores favoritos do cinema.

    Mas dentre eles, acho que o Jonze é o único que consegue mexer com meu “eu” de verdade, tocar em um ponto de vista tão único e pessoal. Até porque eu me considero, de certa forma, meio semelhante tanto com o Theodore, como também com o Charlie Kaufman, do Adaptação.

    E além de tudo isso, os atributos técnicos do filme também são explêndidos, como dito. Direção, edição, som, fotografia, elenco. Todos excepcionais. Pena que demorei pra ver essa obra de arte.

    1. César Paladini comentou em

      Grande, Nicolas!

      Dá nada se viu atrasado. O que vale é ter assistido a este baita filme, hehe. Certo que foi um dos melhores do Spike Jonze e até dos nomeados de 2013.

      Não sei se você chegou a assistir, mas “I’m Here” é um curta do Jonze de 2010 muito bom, que aborda essa questão de tecnologia e sentimentos. Dá para assistir até pela web e tal. Vale a pena.

      Abraço!

      1. Não sabia desse curta. No máximo que conhecia dele, além dos filmes óbvio, era a parceria com os Beastie Boys, que é sensacional também.

        Mas vou conferir. Valeu a dica!